O Governo Lula estaria realizando articulações para nomear o ex-ministro Guido Mantega como CEO da mineradora Vale, substituindo o atual CEO, Eduardo Bartolomeo. A apuração é da jornalista Natuza Nery, da Globo News.
Ainda segundo outro colunista da Globo, Lauro Jardim, Lula está envolvido diretamente na tentativa de dar um emprego a Guido Mantega. “Um empregão, ressalte-se”, revela o colunista.
O plano A é a Vale, em uma articulação que já tem quase dois meses. O Plano B seria abrigar o ex-ministro da Fazenda num organismo internacional. Neste caso, o Banco Mundial seria a opção.
“Lula tem dito que não vai deixar Mantega na chuva. Porque tem uma dívida pessoal com o ex-ministro. Precisa alocá-lo num bom cargo.”, revela Jardim.
Críticas
Só a possibilidade levantada de colocar o ex-ministro de Dilma Rousseff no comando da mineradora gerou uma enxurrada de críticas expostas na imprensa.
“Espero, numa conversa pessoal, demovê-lo. E levar alternativas. Na Vale, ele poderia ficar no conselho de administração. Ou ir pro conselho de Itaipu ou da Petrobras.”, desabafou uma fonte ouvida por Lauro Jardim.
A Vale foi privatizada em 1997, mas parte do PT, Lula incluído, acha que ela deve operar alinhada aos chamados interesses estratégicos nacionais. O partido e LUla já fazem o mesmo na Petrobras, cujo presidente Jean Paul Prates, anunciou orgulhoso que a estatal deixaria de seguir estritamente o plano de paridade internacional nos preços dos combustívels.
Os outros grandes acionistas da Vale, entre eles, Bradesco, Mitsui, Blackrock e Cosan, não querem nem saber de trocar agora o atual presidente, Eduardo Bartolomeo, cujo mandato vai até maio de 2024.
Especialistas consultados pela emissora CNN também veem como “improvável” cenário em que Guido Mantega assuma a presidência da Vale. Contudo, caso se concretize, o fato seria “desastroso”, indicam esses analistas de mercado.
Na avaliação de Pedro Paulo Silveira, diretor da Nova Futura Investimento, mesmo que o governo se movimente na direção de emplacar Mantega no comando da Vale, não deve haver espaço para a mudança.
O presidente da Vale é eleito por um Conselho Administrativo, formado por 13 integrantes. Atualmente, conforme dados da Vale, o governo possui 8,72% das ações da empresa, por meio da Previ — fundo de pensão brasileiro dos funcionários do Banco do Brasil. A Mistui (holding japonesa) tem 6,31%, a Blackrock (empresa de investimentos norte-americana), 6,10%, e as demais acionistas não chegam a 5%.
Com isso, o governo tem 2 dos 13membros no Conselho de Administração da empresa, que elege o presidente: são eles Daniel Andre Stieler e João Luiz Fukunaga (que comanda a Previ).
Para eleger Mantega, o governo teria que convencer outros dos oito membros a aderirem à ideia. Entre estes quadros estão membros independentes e ligados ao mercado.
Também é posicionamento à CNN, Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos, avalia que Mantega no comando da mineradora causaria “muito constrangimento”.
“A entrada do Guido Mantega na Vale causaria muito constrangimento para o governo nessa troca. Um novo presidente da Vale sempre tem um viés político, o político sempre pesa, mas o nome de Guido Mantega é muito ruim para o mercado e a gente veria péssimos indicativos do governo em cima da Vale.”
Por fim, quem criticou foi Miriam Leitão, principal nome do jornalista de economia da Globo. Segundo ela, Guido Mantega “foi o condutor de uma política econômica que levou o Brasil a perder o grau de investimento e, também, a outras derrotas”. Assista abaixo!
Apuração da @NatuzaNery: o governo quer o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega no comando da Vale. @miriamleitao analisa: “Ele foi o condutor de uma política econômica que levou o Brasil a perder o grau de investimento e, também, a outras derrotas”.
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— GloboNews (@GloboNews) July 26, 2023