Logo após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, divulgar a carta enviada a Lula com o anúncio de uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, fez contato telefônico com o chefe do Executivo.
A conversa serviu para alinhar a postura institucional diante do gesto de Trump, interpretado por ambos como um ‘ataque’ ao Brasil e não apenas a uma autoridade ou poder específico.
Durante o diálogo, ficou decidido que a resposta partiria exclusivamente da Presidência da República e do Ministério das Relações Exteriores. O entendimento é de que não cabe ao STF entrar em um embate direto com Trump, ainda mais de viés ideológico. A orientação interna é clara: os ministros da Corte devem se manter fora do confronto e evitar qualquer tipo de declaração pública sobre o tema.
Segundo reportagens da Folha da CNN, alguns magistrados consideram que o presidente norte-americano está ‘instrumentalizando’ Jair Bolsonaro como justificativa, mas seu objetivo real seria desestabilizar instituições brasileiras, especialmente após medidas regulatórias envolvendo grandes plataformas digitais e a crescente aproximação diplomática do Brasil com a China.
Na carta publicada por Trump, o tom é alinhado ao discurso bolsonarista. O ex-presidente dos EUA afirma que as tarifas são uma resposta aos “ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos”.
Ele ainda diz que a forma como Bolsonaro tem sido tratado no país é uma “vergonha”, classificando os processos judiciais contra o ex-presidente como uma “caça às bruxas que precisa ser encerrada”.
Além disso, Trump cita o que considera barreiras tarifárias e não tarifárias impostas pelo Brasil, apontando que os Estados Unidos enfrentam um déficit comercial. O governo brasileiro contesta e diz que, na verdade, existe um superávit do país com o Brasil.
Após reuniões com os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Geraldo Alckmin (vice-presidente e titular da Indústria e Comércio) e a conversa com Barroso, Lula publicou um comunicado oficial respondendo a Trump. “O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”, afirmou.
Na mesma nota, Lula também declarou que o processo envolvendo a suposta tentativa de ‘golpe de Estado’ por parte de Bolsonaro é de competência exclusiva da Justiça nacional. “Não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais”, escreveu o presidente.
No entorno do Palácio do Planalto, o gesto de Trump foi classificado como uma manobra de caráter eleitoral e ideológico. Integrantes do governo avaliaram que incluir a situação jurídica de Bolsonaro em um documento oficial destinado ao Brasil extrapola os limites do razoável nas relações diplomáticas. (Foto: EBC; Fontes: Folha de SP; CNN)
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