A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) executou uma ação hacker contra autoridades paraguaias durante o governo Lula (PT), conforme revelou o UOL, na coluna de Aguirre Talento. A operação teria invadido sistemas do país vizinho para obter informações sobre as negociações tarifárias da usina hidrelétrica de Itaipu, tema de longa disputa entre Brasil e Paraguai.
Segundo o UOL, o planejamento dessa operação teve início ainda no governo Bolsonaro (PL), mas a execução se deu sob autorização do atual diretor da Abin, Luiz Fernando Corrêa. O site afirma ter obtido detalhes da investigação por meio do depoimento de um servidor da Abin à Polícia Federal, que participou diretamente da ação, e de um segundo agente que confirmou a existência da operação.
O servidor relatou que a operação envolveu o uso da ferramenta Cobalt Strike, utilizada para infiltração em sistemas de informática. “O Cobalt Strike era uma ferramenta utilizada para o desenvolvimento de um artefato de intrusão em computadores do governo paraguaio para dados relacionados à negociação bilateral de Itaipu”, afirmou o agente.
A ação resultou na captura de dados de autoridades paraguaias ligadas à negociação da usina, incluindo membros do Congresso, Senado, Câmara e até da Presidência da República. “Foram capturadas [informações] de cinco ou seis pessoas”, revelou o servidor, sem identificar os alvos.
A operação ocorreu antes da assinatura de um novo acordo entre Brasil e Paraguai sobre os valores pagos pela energia de Itaipu, fechado em maio de 2024. No entanto, o agente da Abin não esclareceu se as informações obtidas foram utilizadas para beneficiar o Brasil nas negociações.
De acordo com o UOL, os ataques não foram realizados a partir do Brasil. Agentes da Abin viajaram para Chile e Panamá para criar servidores virtuais, de onde as invasões foram coordenadas.
O depoimento do servidor também revelou que a operação foi apresentada pessoalmente ao atual diretor da Abin. “Luiz Fernando teria vibrado, gostou muito, que era a primeira vez que se sentia numa atividade de inteligência”, disse o agente.
A Polícia Federal investiga se a operação foi ilegal. A ação hacker foi descoberta dentro de um inquérito que inicialmente apurava o uso indevido da Abin no governo Bolsonaro, sob a gestão de Alexandre Ramagem, para monitorar adversários políticos. Conforme o UOL, o avanço da investigação levou às suspeitas sobre gestões seguintes da Abin, incluindo a atual.
A Abin e seu diretor, Luiz Fernando Corrêa, foram procurados pelo colunista, mas não se manifestaram sobre o caso. Clique AQUI para ver na íntegra. (Foto: EBC; Fonte: UOL)