Justiça Trabalhista condena pai que demitiu filha por postagens ofensivas contra presidente Bolsonaro

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Na última sexta-feira (5), o Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, no Amapá, condenou um pai que demitiu a filha, de 29 anos, após ela fazer postagens ofensivas nas redes sociais contra o presidente Jair Bolsonaro.

Ao todo, Brunna Letícia Vennancio receberá R$ 123.811,49 em indenização por demissão sem justa causa e outros benefícios trabalhistas, como 13º salário e férias. Nesse valor está incluso R$ 20 mil de indenização por “danos morais”.

Ela trabalhou de 2018 a 2021 na empresa e foi demitida, segundo entendimento da Justiça, sem justa causa. No processo, a empresa negou que a demissão da mulher estivesse relacionada com suas opiniões políticas.

Em 8 de setembro de 2022, ela atacou o presidente após a manifestação feita na véspera por cidadãos patriotas em todo o Brasil. “Sou completamente contra esse desgoverno e esse ser humano horroroso, corrupto, mal caráter, fascista, nazista, imbecil, incapaz e medíocre”, escreveu.

O pai, que era um dos sócios da empresa, teria enviado áudio à filha, que é tatuadora e trabalhava como supervisora de cadastro de vendas na empresa Grupo Popular. Essas mensagens privadas foram utilizadas por Brunna para processar o próprio pai por “preconceito político no local de trabalho”.

Em dos áudios, o pai da jovem teria dito: “Não estou com raiva, eu estou irado, ta (sic) irado com suas posições, com as suas manifestações, já que as redes sociais é (sic) suas ‘cê’ faça o que quiser, pois continue fazendo, só que agora quem manda na empresa quem é o dono desse negócio sou eu, tá certo? E não vou te aceitar mais, cabou (sic)”.

Em outro, o pai alerta que ela deve “respeitar quem está do outro lado, suas posições políticas não se esqueça que eu tenho posições antagônicas”.

Antes desta postagem, pai e filha tinham se desentendido uma vez por motivação política, quando Brunna comentou notícia explorada pela imprensa de que o “Brasil voltou para o mapa da fome no governo Bolsonaro”. Ela também alega ter recebido “agressões verbais” na ocasião.

“Ele me chamou de esquerdopata e petralha. Desde então eu não tocava mais no assunto”, afirmou a tatuadora. “Eu sempre tive que me silenciar, ele sabia das minhas opiniões políticas e eu sabia as dele, mas a gente não entrava nesse assunto”, disse em entrevista ao jornal O Globo.

A ex-funcionária diz que decidiu processar o pai por ter se sentido “chantageada”. “Eu acho que [a indenização] repara o dano. Ele me mandou áudios absurdos, me humilhando, falando coisas pesadas. Eu não poderia aceitar. Ele queria me chantagear com o emprego que eu tinha: ‘Ou você apaga agora, ou você sabe que posso te punir”, disse Brunna.

A juíza Camila Afonso de Novoa Cavalcanti, do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, entendeu que a conduta da empresa viola a legislação por promover discriminação por opinião política. A empresa ainda pode recorrer da decisão.


Fontes: UOL; O Globo

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