Uma postagem no Facebook resultou em uma severa punição para a venezuelana Merlys Oropeza, de 25 anos. A jovem foi condenada a dez anos de prisão sob acusação de ‘incitação ao ódio’, após criticar o governo chavista durante as manifestações que se seguiram à reeleição contestada do presidente Nicolás Maduro, em 2024.
A sentença foi proferida em 23 de junho, no estado de Monagas, no nordeste do país, conforme revelou uma fonte próxima ao caso à agência AFP.
A punição está baseada na Lei Contra o Ódio, em vigor desde 2017, frequentemente apontada por organizações de direitos humanos como um instrumento de repressão à liberdade de expressão. Segundo opositores, a legislação tem sido usada de forma sistemática para silenciar vozes críticas ao regime chavista.
O episódio que motivou a prisão ocorreu no dia 9 de agosto de 2024. Em sua rede social, Oropeza publicou: “Que ruim que uma pessoa dependa de uma bolsa”, numa referência a um programa estatal de distribuição de alimentos. A crítica era direcionada a uma militante pró-governo responsável pela entrega desses mantimentos em sua comunidade, que então denunciou a jovem às autoridades.
Sem que a sentença fosse oficialmente divulgada pela Justiça venezuelana, os detalhes do julgamento chegaram ao público por meio de fontes ligadas ao processo.
A família de Merlys optou por manter silêncio. Em carta enviada aos pais e posteriormente divulgada, a jovem desabafou: “Estou destruída, mãe, estou vazia, pai. Não encontro motivos.”
A prisão de Oropeza se insere em um contexto mais amplo de repressão. Desde os protestos deflagrados após a eleição de Maduro, em julho de 2024, aproximadamente 2.400 pessoas foram detidas, segundo monitoramento de grupos de direitos humanos. Os confrontos deixaram ainda um saldo de 28 mortos e cerca de 200 feridos. (Foto: redes sociais; Fonte: O Globo)
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