Rússia condena jornalista norte-americano a 16 anos de prisão

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O jornalista americano Evan Gershkovich foi condenado por ‘espionagem’ por um tribunal russo e sentenciado a 16 anos em uma colônia penal de alta segurança. O julgamento, realizado a portas fechadas, foi classificado como uma “farsa” pelo Wall Street Journal (WSJ), sua família e a Casa Branca.

Gershkovich, repórter do WSJ, foi preso em março durante uma viagem de reportagem em Yekaterinburg, cerca de 1.600 km a leste de Moscou, pelos serviços de segurança russos. As autoridades o acusaram de trabalhar para a Agência Central de Inteligência (CIA), acusações negadas por Gershkovich, pelo WSJ e pelos EUA.

Esta é a primeira condenação de um jornalista americano por espionagem na Rússia desde o fim da Guerra Fria. As partes envolvidas no julgamento têm 15 dias para apelar da decisão, segundo o juiz.

“Essa condenação vergonhosa e falsa ocorre após Evan passar 478 dias preso injustamente, longe de sua família e amigos, impedido de exercer seu trabalho como jornalista”, declararam o editor do WSJ, Almar Latour, e a editora-chefe Emma Tucker. “Continuaremos pressionando pela libertação de Evan e apoiando sua família. Jornalismo não é crime, e não descansaremos até que ele seja solto. Isso precisa acabar agora.”

Líderes ocidentais criticaram duramente o veredito. O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que Gershkovich “não cometeu nenhum crime” e foi “alvo do governo russo por ser jornalista e americano”. Biden também elogiou a resistência de Gershkovich durante sua detenção. “Jornalismo não é crime. Continuaremos a defender a liberdade de imprensa na Rússia e no mundo, e nos posicionaremos contra aqueles que buscam atacar a imprensa ou atingir jornalistas.”

Josep Borrell, chefe de política externa da União Europeia, afirmou que a Rússia está punindo o jornalismo com um “sistema legal politizado”, enquanto o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, descreveu a sentença como “desprezível”. Até o momento, o governo brasileiro, através do Itamaraty, não emitiu nenhum comunicado condenando a prisão de Gershkovich.

Washington acusa a Rússia de manter Gershkovich como moeda de troca para uma possível negociação de prisioneiros com cidadãos russos detidos em prisões estrangeiras. Moscou, ciente de que os EUA estão dispostos a realizar trocas para libertar seus cidadãos, está em discussões sobre uma possível troca. Observadores russos sugerem que a rápida condenação pode indicar que uma troca está próxima. Segundo a prática judicial russa, uma troca geralmente exige que um veredito já esteja em vigor.

Em fevereiro, o presidente russo Vladimir Putin mencionou uma possível troca em uma entrevista com o jornalista americano Tucker Carlson. Acredita-se que ele estava se referindo a Vadim Krasikov, um assassino do Serviço Federal de Segurança Russo (FSB) que cumpre pena perpétua na Alemanha por matar um ex-comandante rebelde checheno em Berlim.

O julgamento de Gershkovich começou no mês passado, e as audiências dos últimos dois dias foram originalmente marcadas para agosto. Os promotores solicitaram uma sentença de 18 anos. Contudo, em uma mudança inesperada, a audiência foi antecipada para quinta-feira, com o veredito sendo anunciado na tarde de sexta-feira.

Os promotores acusaram Gershkovich, de 32 anos, de agir “sob instruções da CIA” para coletar “informações secretas” sobre uma fábrica de tanques na região de Sverdlovsk. Gershkovich negou consistentemente as acusações, e em uma declaração na quinta-feira, o WSJ chamou o julgamento de “farsa vergonhosa” e sua detenção de “ultraje”.

Outros cidadãos americanos, como Paul Whelan, continuam detidos na Rússia sob acusações de espionagem. Whelan foi detido em 2018. Em sua declaração na quinta-feira, Biden reiterou que sua prioridade é buscar a libertação e o retorno seguro de Gershkovich, Whelan e todos os americanos detidos injustamente no exterior. E mais: STF mantém processo de privatização da Sabesp. Clique AQUI para ver. (Foto: reprodução vídeo; Fonte: BBC)

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