Ex-presidente da Petrobras critica ministro de Lula e diz que governo “joga contra si mesmo”

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Quase um ano após sua demissão da presidência da Petrobras, Jean Paul Prates rompeu o silêncio em uma entrevista exclusiva concedida ao UOL, durante uma viagem de carro entre Dubai e Abu Dhabi, nos Emirados Árabes.

O ex-presidente da estatal fez duras críticas ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, apontando-o como principal responsável por sua saída e acusando-o de tentar intervir diretamente na gestão da petroleira.

Segundo Prates, Silveira agia nos bastidores para manipular decisões da Petrobras e tentava demonstrar poder sobre a empresa por meio de vazamentos e declarações públicas.

“Silveira vaza informações, faz críticas em público para mostrar que tem poder sobre a Petrobras. Lula nunca tentou interferir na Petrobras; no máximo uma reclamação, um muxoxo. Mas ele reconhece a governança. Agora, o que está acontecendo [com Alexandre Silveira] é uma tentativa descarada de intervenção estatal.”

O ex-senador, que ocupou o cargo de presidente da Petrobras até maio de 2024, também destacou o impacto negativo das ações do ministro nas políticas da empresa.

“Às vezes, ele [Silveira] vazava para a imprensa que haveria alguma mudança de preço, e eu segurava por mais uma semana só para não parecer que estava cumprindo ordens.”

Prates ressaltou que, embora a Petrobras seja vinculada ao Ministério de Minas e Energia, ela não é subordinada ao ministro. “Eu fui tão senador quanto ele. A Petrobras é vinculada ao Ministério de Minas e Energia, mas não é subordinada a ele, e ele não entende isso, ou faz que não entende.”

Além das críticas ao ministro, Prates avaliou que o maior desafio do governo Lula está dentro do próprio Executivo. Para ele, há uma disputa de egos e medo de exposição entre os ministros, o que enfraquece a imagem do governo como um time coeso.

“Este era para ser um governo de estrelas. O maior inimigo do governo é o próprio governo. A oposição não atrapalha, está ocupada com pautas da bolha deles, como a anistia.”

Segundo Prates, figuras importantes do governo preferem não se destacar para não se tornarem alvos de ataques, citando o ministro da Casa Civil, Rui Costa, como um dos principais articuladores desses bastidores.

“Todos se escondem com medo de tomar martelada. Quem se destaca é logo alvo de tiro, e o primeiro atirador é o Rui Costa, que tem a esperança de ser o sucessor de Lula. É por isso que ele ataca tanto o Haddad; não é por causa da economia.”

O ex-presidente da Petrobras também criticou a falta de definição de prioridades do governo e disse que tudo fica centralizado na figura do presidente.

“Hoje, tudo fica centralizado na figura de Lula, porque os ministros não aparecem por medo. É importante que o governo pareça um time, não uma pessoa só. Isso transparece para a população.”

Sobre a votação da anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro, Prates defendeu que o governo use a pauta como um teste de fidelidade da base no Congresso. Ele citou o apoio de deputados governistas ao projeto e sugeriu uma reação enérgica caso aliados votem a favor.

“Os deputados da base arrumam todo tipo de justificativa para não votar com o governo. ‘Minha mulher não deixa’, ‘Lá no meu estado é diferente’. Agora, nessa votação não tem desculpa: é uma pauta completamente ideológica, os caras entraram lá e quebraram tudo, não tem o que discutir.”

“Esta vai ser uma oportunidade para o governo fazer uma limpa. Se os deputados do União [Brasil] votarem a favor, corta logo de uma vez. Mas acho que eles não terão coragem.”

Questionado sobre sua permanência no PT, Prates foi direto: “Não vejo mais espaço para mim no PT.”. E mais: Morre Cristina Buarque, referência do samba e irmã de Chico Buarque. Clique AQUI para ver. (Foto: EBC; Fonte: UOL)

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