Segundo reportagem do Estadão desse domingo (19), Janja é vista como “problema para um governo com entraves na articulação política. E a crítica vem justamente de velhos amigos do presidente, ministros e líderes de partidos”.
O conteúdo, evidentemente se tiver fundamento, também expõe a hipocrisia do governo petista em ‘papagaiar’ sobre a importância do ‘papel feminino’, mas, na prática, faz ‘cara feia’ quando a esposa do chefe do executivo dá sua opinião.
“Senadores e deputados petistas dizem que Janja se colocou como um poder entre o gabinete presidencial, a base aliada e ministros. Ainda na transição, ela tentou ser nomeada para um cargo no Planalto. Assessores avisaram Lula, no entanto, que isso era “nepotismo”. Sem função formal, a primeira-dama se instalou num gabinete de 25 metros quadrados bem ao lado da sala do presidente, no terceiro andar, e dali em diante tem aumentado seu espaço no governo.”, diz a reportagem.
O Estadão apurou que a primeira-dama tem interferido em questões de governo, especialmente na publicidade. “Janja determina mudanças, trocas e até barra campanhas importantes. Se ela não gostar, a propaganda não vai adiante.”.
A reportagem cita proposta do PT de remunerar blogueiros alinhados ao governo, prática já adotada nos governos petistas anteriores. “Ela determinou que continuassem na militância, sem remuneração.”.
“Um integrante do primeiro escalão disse ao Estadão que Janja atropelou o rito de conversas com a equipe econômica ao fazer um pedido expresso para redução dos juros do cartão de crédito.”.
Quando o governo federal anunciou a intenção de cobrar imposto de importação nas cobras da Shein para também abaixo de 50 dólares, ela comentou no perfil de um alinhado que ‘era só para empresas’.
Ainda de acordo com o jornal paulista, Janja também andou reclamando do Ministro da Defesa de Lula que, segundo ela, não estaria “protegendo” o petista. “Múcio chegou a propor que Lula baixasse um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para conter o vandalismo. O presidente estava em Araraquara e, ao ouvir a sugestão de Múcio, feita por telefone, Janja reagiu: “GLO não! GLO é golpe! É golpe”.Interlocutores de Lula relatam que Janja já deu respostas ríspidas a Múcio, em cenas descritas como constrangedoras.”.
“O Estadão, no entanto, identificou ao menos duas servidoras no atendimento exclusivo à primeira-dama, com salários de R$ 12 mil e R$ 16 mil por mês, em abril. Como revelou o Estadão, uma ex-sócia de Janja foi contratada como assessora especial da Presidência, com salário de R$ 13,6 mil. Margarida Cristina de Quadros deveria acompanhar Lula, mas viaja com Janja em agendas sem a presença do petista.”
Por fim, diz o Estadão: “Os amigos de Lula dizem que Janja repete a mulher de Perón, mas a terceira. “Ela é a Janjelita”, reclama um antigo amigo do petista. Trata-se de uma referência a Isabelita Perón, que acumulou o posto de primeira-dama com o cargo de vice em mais um mandato de Perón, assumindo o poder na Argentina com a morte do marido, em 1974. Antes, porém, ela já causava problemas políticos.”.
Negam e medo
Ao veículo autor da matéria, Ministros petistas negaram o conteúdo do texto e ainda se mostraram com medo da repercussão.
Auxiliares do ministério da fazenda, por exemplo, temem falar abertamente sobre Janja. “Me tira dessa” ou “Imagine se eu falar alguma coisa” são as frases mais ouvidas quando o assunto se refere à primeira-dama.
Líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA) procurou Lula para ‘alertá-lo’ sobre a insatisfação de ‘companheiros’ com atitudes de Janja, mas o petista teria dito, então, que ele não deveria mais repetir a crítica, caso quisesse preservar uma amizade de décadas.
A assessoria nega: “Não há nenhum fundo de verdade nesse tipo de comentário, nesse tipo de ilação. O senador está absolutamente indignado com isso”.
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