Janja afirmou que deseja ter um gabinete próprio no Palácio do Planalto, onde Lula (PT) despacha com auxiliares. “A primeira-dama dos Estados Unidos tem um”, argumentou em entrevista publicada neste domingo (5), no jornal O Globo, na qual rebate críticas de aliados do petista de que atua como se tivesse sido ela a eleita.
“Falam muito de eu não ter um gabinete, mas precisamos recolocar essa questão. Nos EUA, a primeira-dama tem. Tem também agenda, protagonismo, e ninguém questiona. Por que se questiona no Brasil? Vou continuar fazendo o que acho correto. Sei os limites. Eu quero saber das discussões, me informar, não quero ouvir de terceiros”, justificou.
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Saída de mulheres do governo : “faz parte”
– Na transição, falamos de mais mulheres nos ministérios. Isso de alguma forma foi atendido. Passamos (ela e Lula) os fins de semana a sós e conversamos muito. Às vezes, a gente tem umas discussões um pouco mais assim… fortes. Mas é isso. Tivemos duas perdas (de mulheres) no governo. Faz parte (a entrevista foi realizada na véspera da terceira perda, a demissão de Rita Serrano da presidência da Caixa). É necessário discutir a participação feminina no Congresso. O Brasil está em penúltimo lugar na América Latina e no Caribe em número de mulheres no Parlamento. Isso é vergonhoso. Precisamos ter 50% de cadeiras. A cota de 30% (de candidaturas) não está adiantando.
Críticas por excesso de participação no governo
– Quem faz essa crítica não enxerga o mundo em que a gente vive hoje. Vou continuar ao lado do presidente, porque acho que é esse o papel que tenho que desempenhar. Não é uma questão de ser eleita ou não. Existem ministros que concorreram e ganharam a eleição ao Senado ou à Câmara, mas a maioria não foi eleita e está lá. Falam muito de eu não ter um gabinete, mas precisamos recolocar essa questão. Nos EUA, a primeira-dama tem. Tem também agenda, protagonismo, e ninguém questiona. Por que se questiona no Brasil? Vou continuar fazendo o que acho correto. Sei os limites. Eu quero saber das discussões, me informar, não quero ouvir de terceiros. Falaram que fui a única primeira-dama que entrou com o presidente no dia da reunião do G-20. Entrei porque ele não soltou da minha mão e falou: “Você está comigo e vai entrar comigo”. Eu me sinto segura.
Desconstrução do machismo de Lula
– É diário, e ele (Lula) está aberto. Não posso exigir de um homem de 78 anos, com toda a bagagem, que vire algumas chaves de uma hora para outra. Não funciona assim com ninguém. Antes de ele ser eleito, me ajudava a lavar louça, coisa que talvez ele não fizesse antes, mas nunca perguntei.
Hábitos que abriram mão
– Ficar em casa, tomar nossa cervejinha, ouvir música na caixinha de som. Na minha playlist tem MPB, samba, Maria Rita e Zeca Pagodinho. Toda segunda-feira a gente assiste a um filme de faroeste. Não temos vida fora de casa.
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