O Itaú Unibanco revisou para baixo sua recomendação de alocação em ações brasileiras, estabelecendo o menor nível já indicado pelo banco.
A decisão foi divulgada na carta mensal de investimentos, onde o percentual sugerido para investidores de perfil agressivo caiu de 19% para 7%. Para os moderados, a orientação passou de 14% para 4,7%, enquanto os conservadores tiveram a recomendação reduzida de 7% para 2,3%.
Nicholas McCarthy, diretor de estratégias de investimentos do Itaú, explicou que a mudança reflete a piora nas condições econômicas, com destaque para as expectativas de inflação futura. “Para ficarmos otimistas com outros ativos, é necessária a inflexão das expectativas de inflação”, afirmou McCarthy durante entrevista a jornalistas nesta quarta-feira (18).
A pesquisa Focus projeta o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 4,60% para 2025 e 4% em 2026, ambos acima da meta de 3% definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O executivo apontou a dívida pública como um fator crítico: “O calcanhar de Aquiles é a nossa dívida como um todo, que vai fechar esse ano perto de 77% do PIB”.
McCarthy destacou ainda que a dívida pública brasileira, a maior entre os países emergentes em relação ao PIB, afeta a atratividade do país para investidores. “A Bolsa é um termômetro muito importante. Então, se eles estão saindo da Bolsa, eles também não estão investindo direto. O Brasil está fora do radar. Ninguém olha para o Brasil mundialmente. Eles vão olhar para a Índia, que não para de crescer. Até a China gerou mais atenção recentemente.”
No momento, o banco recomenda investimentos em ativos de renda fixa com rendimento real, ou seja, acima da inflação. McCarthy citou como boas opções os papéis atrelados ao CDI e ao IPCA.
Apesar da alta recente do dólar e dos juros, McCarthy não vê o cenário como irracional, embora tenha alertado para a rapidez com que a situação econômica se deteriorou. “O que me assustou foi a velocidade da deterioração, que pode ter sido um pouco abrupta, sim. Se a inflação voltar a cair, os ativos melhoram, e se a inflação continuar subindo, os ativos vão piorar”, concluiu o executivo. E mais: Banco Central faz novos leilões hoje (20) para conter alta do dólar. Clique AQUI para ver. (Fonte: Folha de SP)