Em meio a uma escalada de tensões no Oriente Médio, Israel realizou ataques aéreos contra alvos militares no Irã na manhã de sábado, correspondendo ao final da noite de sexta-feira no Brasil. Embora tenha sido uma retaliação a uma ofensiva iraniana anterior, o governo israelense parece ter evitado atingir infraestruturas nucleares ou instalações petrolíferas de alta sensibilidade, após apelos veementes de aliados e vizinhos por moderação no conflito.
O confronto entre duas das forças militares mais influentes da região aumenta os receios de uma escalada ainda maior, especialmente com os conflitos já em andamento em Gaza e no Líbano. Até o momento, não se sabe se o ataque israelense poderá resultar em uma resposta imediata por parte do Irã, mas o impacto potencial preocupa aliados internacionais e governos locais.
As Forças de Defesa de Israel confirmaram que dezenas de aeronaves foram empregadas em três ondas de bombardeios, focadas em fábricas de mísseis e outros alvos de infraestrutura militar iraniana. Ao final da operação, alertaram o governo iraniano contra qualquer tentativa de retaliação. Segundo autoridades iranianas, as defesas aéreas do país interceptaram parte dos mísseis lançados, mas relataram a morte de dois soldados e alguns danos em estruturas estratégicas. Uma agência de notícias semi-oficial do Irã divulgou que o país planeja uma “reação proporcional” aos ataques sofridos.
Essas ações ocorrem em um contexto de crescente hostilidade desde o ataque de 7 de outubro de 2023, realizado pelo grupo Hamas contra Israel, com o apoio do Irã. Desde o início de outubro, Teerã intensificou seus ataques com aproximadamente 200 mísseis balísticos lançados contra Israel, elevando as preocupações de uma resposta cada vez mais contundente. Além disso, o Líbano, onde Israel combate o Hezbollah, principal aliado iraniano na região, também se tornou um foco de tensão.
Os Estados Unidos e outros países do Oriente Médio têm reiterado pedidos por moderação. Para muitos, o próximo passo depende da reação iraniana aos ataques de sábado. Em Teerã, a mídia local relatou explosões ocorrendo durante a madrugada, principalmente em áreas militares ao redor da cidade, enquanto veículos de imprensa exibiam imagens do Aeroporto Mehrabad aparentemente funcionando de forma regular, sugerindo que os bombardeios não afetaram significativamente a vida cotidiana dos cidadãos.
Após a operação, as forças armadas israelenses indicaram que não esperavam uma retaliação imediata e não houve alterações nos níveis de segurança interna no país. Segundo o exército de Israel, os alvos atingidos incluíam fábricas de mísseis para veículos de grande porte e sistemas terra-ar, com os aviões israelenses retornando à base sem incidentes.
“Se o regime iraniano cometer o erro de iniciar uma nova rodada de ataques, teremos que responder”, afirmou o comando militar israelense. Uma autoridade dos EUA confirmou que os alvos excluíram propositadamente infraestruturas energéticas e nucleares do Irã, seguindo alertas anteriores de Washington.
Em um comunicado, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reforçou que seu governo, como aliado de defesa de Israel, não apoiaria uma ofensiva contra as instalações nucleares iranianas, sugerindo a necessidade de outras abordagens para responder ao Irã sem comprometer a estabilidade de infraestruturas essenciais. Washington, inclusive, recomendou a exclusão dos campos de petróleo iranianos do ataque israelense.
Autoridades iranianas reiteraram advertências contra Israel sobre ataques futuros. “O Irã reserva o direito de responder a qualquer tipo de agressão, e não há dúvidas de que Israel enfrentará uma reação proporcional a cada ação que realizar”, informou a agência semi-oficial Tasnim, citando fontes internas.
Em entrevista à Reuters, um alto funcionário do governo de Biden destacou que os ataques de Israel foram “pontuais e proporcionais”, e que deveriam encerrar o atual ciclo de hostilidades diretas entre os dois países. No entanto, ele enfatizou que os EUA estão plenamente preparados para apoiar Israel caso o Irã opte por uma retaliação.
Vídeos divulgados pela mídia iraniana mostraram defesas aéreas em ação contra projéteis israelenses na área central de Teerã, sem especificar os pontos atingidos. Segundo a agência Tasnim, as bases da Guarda Revolucionária Islâmica foram alvos dos ataques, mas não sofreram danos significativos. Já os voos comerciais no Irã foram retomados pela manhã, após uma suspensão temporária.
No Iraque, os voos também foram reestabelecidos, conforme informação da agência de notícias local. O ataque israelense também se estendeu a locais militares na Síria, em regiões centrais e ao sul do país. A imprensa síria, através da agência estatal SANA, relatou os bombardeios, mas Israel ainda não se pronunciou oficialmente sobre a operação na Síria.
A operação foi monitorada diretamente pelo primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, pelo ministro da Defesa Yoav Gallant, e por outros oficiais em um centro de comando militar em Tel Aviv. Gallant teria discutido a situação com o Secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, logo após o início dos ataques, recebendo garantias sobre o apoio militar ampliado dos EUA, caso as tensões se intensifiquem.
Israel notificou os EUA antes de realizar o ataque ao Irã, mas, segundo uma fonte americana citada pela Reuters, Washington não participou ativamente da operação. Entre os países árabes que condenaram o ataque israelense, a Arábia Saudita, que recentemente restabeleceu relações diplomáticas com o Irã após uma década de rivalidade, classificou os bombardeios como uma “violação da soberania iraniana e do direito internacional”, postura reforçada pela crescente aproximação entre a Arábia Saudita e Israel antes do conflito em Gaza. E mais: Lula participa de primeiro evento após queda. Clique AQUI par ver. (Foto: PixaBay; Fonte: Reuters)