O MST (Movimento dos Sem Terra) invadiu, na madrugada deste sábado (25), uma fazenda em Hidrolândia, cidade do interior de Goiás, a 35 quilômetros da capital. O MST justificou a ação de um grupo de 600 famílias como parte da ‘Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra’.
Além disso, a organização alega ser uma ação ‘contra a exploração sexual’, uma vez que a fazenda invadida atualmente integra o patrimônio da União desde 2016, mas, antes, “a propriedade pertencia a um grupo criminoso, condenado, em 2009, pelos crimes de exploração sexual e tráfico internacional de pessoas.”
Ainda de acordo com nota do MSTB, o grupo criminoso era composto, segundo a Polícia Federal, por 18 pessoas e utilizava o local para aprisionar dezenas de mulheres, muitas delas adolescentes, que posteriormente eram traficadas para a Suíça e submetidas a exploração sexual. “O esquema foi mantido por três anos e as vítimas eram, principalmente, mulheres goianas de origem humilde das cidades de Anápolis, Goiânia e Trindade.”.
“Com nossa Jornada, denunciamos o crescimento das violências contra as mulheres do campo e esta área representa o grau de violências que sofremos. Exigimos que esta área, que antes era usada para violentar mulheres, seja destinada para o assentamento destas famílias, para que possamos produzir alimentos saudáveis e combater as violências”, justifica Patrícia Cristiane, uma das líderes nacionais do MST.
Retomada das invasões
Desde o resultado do segundo turno das eleições presidenciais em 2022, as invasões do MST e de outros movimentos radicais por reforma agrária voltaram a aumentar. AS ações desses grupos haviam sido praticamente interrompidas no governo Bolsonaro.
A situação inclusive já deve ocasionar a CPI do MST. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que visa investigar a nova onda de invasões praticadas pela associação agrária atingiu o número mínimo de 172 assinaturas parlamentares e foi apresentada à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados na noite dessa quarta-feira (15).
Segundo reportagem da Jovem Pan, o Requerimento de Instituição de CPI (CPI) 3/2023, que pretende “investigar a atuação, seu real propósito, assim como dos seus financiadores” já foi protocolado no sistema da Câmara dos Deputados e, agora, cabe ao presidente da Casa, deputado Arthur Lira (PP-AL), a decisão de instalar a comissão para que os trabalhos se iniciem.
Em 12 e 13 de novembro, menos de um mês após a vitória de Lula, centenas de famílias organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, na Bahia, invadiram duas fazendas na região da Chapada Diamantina.
Em fevereiro, cerca de 1.700 famílias do MST invadiram quatro fazendas no sul do estado. Três das quatro áreas invadidas são plantações de eucalipto, da empresa Suzano Papel e Celulose, localizados nos municípios de Teixeira de Freitas, Mucuri e Caravelas.
As famílias Sem Terra ‘reivindicavam’ a “desapropriação imediata dos latifúndios para fins de reforma agrária, tendo em vista que estas propriedades atualmente não estão cumprindo sua função social”.
Também no segundo mês do ano, uma outra organização, a FNL (Frente Nacional de Luta Campo e Cidade), promoveu o ‘carnaval vermelho’ e deflagrou cerca de uma dezena de invasões pelo interior de São Paulo.
Os atos foram concentrados nas cidades de Marabá Paulista, Sandovalina, Presidente Venceslau e Rosana, mas também há registro de invasão em Ponta Grossa, no Paraná. Segundo a FNL, cerca de mil famílias participam dos atos de invasão.
Por fim, o MST vandalizou lojas de vinhos da Salton, em São Paulo, na tarde de 8 de março. O grupo enviou apenas mulheres para o ato, que ocorreu na Avenida Pacaembu, zona oeste da capital. O espaço se tornou famoso pelo nome Enoteca Família Salton.
Segundo o grupo, a ação foi um ‘protesto’ contra as vinícolas acusadas de supostamente estarem ligadas às denúncias de trabalho análogo à escravidão, no sul do Brasil.
