Inflação sobe 0,38% em fevereiro, puxada por remédios e alimentos

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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,38% em abril, 0,22 ponto percentual (p.p.) acima do registrado em março (0,16%). No ano, a inflação acumula alta de 1,80% e, nos últimos 12 meses, de 3,69%, abaixo dos 3,93% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em abril de 2023, a variação foi de 0,61%. Os dados foram divulgados hoje (10) pelo IBGE.

O resultado da inflação de abril veio acima das expectativas do mercado financeiro, que esperava uma alta menos acentuada, de 0,35%. O resultado ainda não reflete os impactos das cheias no Rio Grande do Sul este mês.

Os grupos Saúde e cuidados pessoais (1,16%) e Alimentação e bebidas (0,70%) foram os destaques no índice de abril, sendo responsáveis pelos maiores impactos, ambos com 0,15 p.p. Em seguida, com impacto de 0,03 p.p., vieram Vestuário (0,55%) e Transportes (0,14%). Os demais ficaram entre o -0,26% de Artigos de residência, que junto com Habitação (-0,01%) foram os únicos grupos com variação negativa neste mês, e o 0,48% de Comunicação.

Em abril, sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta de preços. “Saúde e cuidados pessoais foi impactado pela alta de preços dos produtos farmacêuticos (2,84%), em decorrência do reajuste de até 4,5% autorizado pela CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos), a partir de 31 de março”, explica André Almeida, gerente do IPCA.

No grupo Alimentação e bebidas (0,70%), que em março havia apresentado a variação mais intensa (0,53%) e o maior impacto (0,11 p.p.), a alimentação no domicílio acelerou de 0,59% no mês anterior para 0,81% em abril. Mamão (22,76%), cebola (15,63%), tomate (14,09%) e café moído (3,08%) apresentaram as altas mais expressivas, provocadas pela menor oferta desses produtos em abril. “Fenômenos climáticos ocorridos no fim de 2023 e no começo de 2024 afetaram a produção”, acrescenta André.

Já a alimentação fora do domicílio (0,39%) registrou variação semelhante à de março (0,35%). Embora o lanche tenha desacelerado de 0,66% para 0,44%, o subitem refeição (0,34%) mostrou variação maior do que a verificada em março (0,09%).

Após variação negativa no mês passado (-0,33%), Transportes (0,14%) teve os subitens com maior impacto positivo e maior impacto negativo no índice de abril, de modo que eles acabaram se anulando. Houve queda na passagem aérea (-12,09% e -0,08 p.p.). No que se refere aos combustíveis (1,74%), somente gás veicular (-0,51%) teve diminuição de preços. Etanol (4,56%), gasolina (1,50%) e óleo diesel (0,32%) registraram altas. A gasolina (0,08 p.p.) foi o subitem com maior impacto positivo no IPCA de abril.

Ainda em Transportes, a variação do metrô (1,72%) sofreu influência do reajuste de 8,69% no Rio de Janeiro (5,07%), a partir de 12 de abril. Em ônibus urbano (0,01%), houve reajuste de 2,15% em Campo Grande (1,06%), a partir de 15 de março. A alta do subitem táxi (0,21%) é resultado do reajuste médio de 17,64%, a partir de 22 de abril, em Recife (4,84%)

Quanto aos grupos em que houve redução de preços em abril, Habitação (-0,01%) foi impactado pelo aumento da taxa de água e esgoto (0,09%), que por sua vez foi influenciada pelo reajuste de 1,95% em Goiânia (1,75%). Outro fator que contribuiu foi a energia elétrica residencial (-0,46%), devido aos reajustes tarifários efetuados em Salvador (BA), Aracaju (SE), Rio de Janeiro (RJ), Recife (PE), Campo Grande (MS) e Fortaleza (CE). No caso de Artigos de residência (-0,26%), destaque para a diminuição dos preços de computadores e televisores.

Impacto do Sul
As fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde o final de abril devem levar a uma alta dos preços dos alimentos, prevê a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP). Segundo a entidade, há o risco tanto de perda de produtos como também impactos no transporte de mercadorias.

Entre os produtos que devem ter os preços afetados estão, de acordo com a Fecomercio, os derivados de leite e o arroz. “O Rio Grande do Sul é o maior produtor de arroz do país, e embora pouco mais de 80% da safra tenha sido colhida, ainda não dá para saber se os estoques foram atingidos ou quanto da parcela restante foi perdida”, diz a nota da federação.

Os alagamentos e os danos à infraestrutura do estado podem, segundo a entidade, afetar a logística do transporte de arroz e de frutas tradicionais da região, como uva, pêssego e maçã.

“A criação de gado para produção de leite, que deve ser impactada com a perda de vacas e pasto, além da ingestão, por esses animais, de água sem qualidade, em razão das condições atuais do local”, acrescenta a análise divulgada pela federação.

Apesar de enfatizar os problemas que devem afetar o abastecimentos de alimentos, a Fecomercio estima danos sistêmicos causados pelas chuvas. “A tragédia de Brumadinho, menor e mais localizada, provocou uma queda de 0,2% no Produto Interno do Brasileiro (PIB, soma de bens e de serviços produzidos no país) em 2019, mais de R$ 20 bilhões em valores atuais. No Rio Grande do Sul, é muito provável, infelizmente, que os danos causados tenham impacto ainda maior para o PIB nacional”, comparou.

A Defesa Civil do Rio Grande do Sul já contabilizou 100 mortes causadas pelas chuvas. Segundo o órgão, as inundações, deslizamentos e desmoronamentos afetam cerca de 1,45 milhão de pessoas em 417 municípios. Ficaram desabrigadas, 66,7 mil pessoas. E mais: Lei Joca: Câmara aprova projeto que regulamenta transporte de pets em avião. Clique AQUI para ver. (Foto: IBGE; Fontes: IBGE; EBC)

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