No início deste mês, incêndios florestais começaram a alarmar os residentes do Pantanal. Na semana passada, ficou evidente que a situação é grave em outras regiões do Brasil também. O país já registra o maior número de focos de incêndio dos últimos 21 anos no primeiro semestre, com cinco dos seis biomas brasileiros apresentando aumento nas queimadas.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), até quinta-feira, foram registrados 27.914 focos de incêndio entre janeiro e junho. Esse número se aproxima do recorde anterior de 27.991 focos, verificado no mesmo período em 2003.
Os biomas mais afetados incluem o Pantanal, o Cerrado e a Amazônia, que vêm enfrentando uma escalada nos incêndios nos últimos três anos. Além disso, a Caatinga e a Mata Atlântica também apresentam um cenário preocupante, segundo o Inpe. Apenas o Pampa, no Sul do país, escapou da proliferação de fogo, mas enfrentou enchentes devastadoras.
Fabiano Morelli, chefe do Programa Queimadas do Inpe, observa ao jornal O Globo que a estação de fogo da maioria dos biomas ocorre no segundo semestre, o que dificulta previsões precisas sobre recordes de incêndios em 2024. “As previsões trimestrais para junho, julho e agosto indicam que não haverá aumento significativo de chuvas, e é esperado que ocorram incêndios nesses meses devido ao histórico de secas,” explica o pesquisador.
Ane Alencar, coordenadora do sistema de monitoramento de fogo do projeto MapBiomas do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), considera a situação atual alarmante. “A temporada de seca deste ano será crítica, pois não houve chuva suficiente para aliviar o solo e compensar o estresse hídrico do ano passado,” comenta.
Em resposta à crise, o governo de Mato Grosso do Sul, que lidera o número de focos de fogo no Pantanal, decretou na semana passada a proibição de queimadas rurais. Já em Mato Grosso, no norte do bioma, a proibição de incêndios começa em julho, com o período de restrição estendido até dezembro.
A Caatinga, apesar de ser um bioma com vegetação rala e menos folhosa, adaptada a condições secas, está surpreendentemente afetada pelo aumento de incêndios. O Serviço Social do Comércio (Sesc), que possui a maior reserva ecológica privada do país em Poconé (MT), viu 90% de seu território queimado em 2020 e, por isso, intensificou suas medidas de prevenção.
Este ano, antecipou a contratação de brigadistas para junho e implementou um sistema de monitoramento com câmeras. Em colaboração com o ICMBio, realizaram queimadas controladas para consumir biomassa seca e prevenir incêndios maiores.
Essa técnica, conhecida como “queima prescrita”, visa proteger áreas mais vulneráveis do bioma, criando uma barreira contra a propagação de grandes incêndios. A situação exige atenção contínua e ações coordenadas para evitar danos ainda maiores ao meio ambiente e à população das regiões afetadas. E mais: Ataque hacker derruba sites de deputados do PL. Clique AQUI para ver. (Foto: EBC; Fonte: O Globo)