Brasília – Nessa quinta-feira (27) à noite, a imprensa vazou o valor total arrecadado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro com doações via PIX feita por apoiadores patriotas.
Ao menos dois grandes veículos – Folha de São Paulo e O Globo – tiveram acesso com exclusividade a dados de uma conta bancária pertencente ao ex-presidente Jair Bolsonaro com transações realizadas no primeiro semestre deste ano. Todos os principais jornais e portais de notícia republicaram a informação.
Os veículos informam que conseguiram os dados via Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão vinculado administrativamente ao Banco Central do Brasil (BCB).
Segundo reportagens, as operações, realizadas entre 1º de janeiro a 4 de julho deste ano, foram consideradas “atípicas” pelo órgão de combate à lavagem de dinheiro.
Ainda de acordo com as informações do Coaf, os valores arrecadados provavelmente se referem à campanha promovida por aliados de Bolsonaro, como o advogado Fábio Wajngarten, para quitar as multas que o ex-presidente recebeu durante seu mandato, como não usar máscaras durante a pandemia. Uma das delas totalizava R$ 87 mil e gerou bloqueio judicial de uma das contas do ex-presidente.
Ao longo de seis meses, o órgão de inteligência financeira ‘rastreou’ um total de 769.717 operações de Pix efetuadas, revelando a participação de diversas pessoas físicas e jurídicas como doadores. O valor total arrecadado foi de R$ 17,2 milhões.
Entre os principais contribuintes, destaca-se uma empresária do agronegócio (até isso a imprensa foi atrás) com R$ 20 mil, o dono de uma companhia da construção civil com R$ 10 mil, e um escritor com a mesma quantia, entre outros.
O relatório do Coaf também aponta que o ex-presidente efetuou um repasse de R$ 3.600 neste ano para Walderice Santos da Conceição, apelidada pela imprensa como ‘Wal do Açaí’.
Além disso, há registros de dez repasses totalizando R$ 56.073 para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, e ainda 17 transferências no valor de R$ 14.268 para uma lotérica aberta em 2000, cujos sócios são um irmão e um sobrinho do ex-presidente.
O GLOBO procurou a assessoria de comunicação e a defesa de Bolsonaro para comentar sobre as transações, mas não obteve retorno.
O ex-secretário-executivo do Ministério das Comunicações do governo Bolsonaro e atual advogado do ex-presidente, Fabio Wajngarten, também não se pronunciou, mas usou suas redes sociais para reclamar dos “vazamentos” que divulgaram as informações do relatório do Coaf.
São inadmissíveis os vazamentos de quebras de sigilos financeiros de investigados no inquérito de 8/1 e ou de qualquer outra investigação sigilosa.
Faz-se necessário identificar quem está entrando na tal sala cofre para que as medidas judiciais sejam tomadas.
Quem vazou será…— Fabio Wajngarten (@fabiowoficial) July 27, 2023
O vereador Carlos Bolsonaro também criticou o vazamento: “Na democracia comunista relativa vale tudo! Já vivemos na Venezuela!”
Na democracia comunista relativa vale tudo! Já vivemos na Venezuela! pic.twitter.com/zvtR6nepIc
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) July 28, 2023