Num momento em que os mercados globais enfrentam oscilações e incertezas causadas por novas medidas protecionistas dos Estados Unidos, o governo brasileiro tenta transmitir tranquilidade.
Em meio às turbulências geradas pelo chamado “tarifaço” — novo pacote de sobretaxas anunciado pelo presidente norte-americano, Donald Trump — o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Brasil está bem posicionado no cenário internacional e que o impacto das medidas sobre as relações com os EUA deve ser limitado.
Em entrevista à BandNews FM, Haddad declarou que não vê motivos para preocupação. Segundo ele, o Brasil mantém superávit comercial com os EUA e, por isso, não seria lógico que Washington adotasse retaliações contra o país.
“Os Estados Unidos são superavitários frente ao Brasil — ou seja, não faz muito sentido retaliar, pois vendem mais do que compram de nós”, afirmou. Para o ministro, o “tarifaço” mira especialmente a China, e a tensão entre as duas potências é o foco central da atual política econômica norte-americana.
Haddad também reforçou que o Brasil ampliou exportações para os três principais blocos econômicos do planeta — Estados Unidos, União Europeia e China — e que o país deve avançar ainda mais no acordo comercial com os europeus diante do novo cenário. “O Brasil tem relações comerciais com o mundo inteiro. Estamos em uma posição confortável, com boas reservas internacionais e um saldo comercial robusto”, disse.
Questionado sobre os efeitos da medida no câmbio, o ministro reconheceu a volatilidade do dólar — que chegou a ultrapassar R$ 6 antes de recuar para R$ 5,87 —, mas afirmou que, em tese, o esperado seria a desvalorização da moeda americana, considerando o atual déficit externo dos EUA. “A valorização do dólar vai na direção oposta ao que os próprios americanos dizem querer”, criticou, cobrando mais coerência do governo norte-americano.
Haddad também rejeitou a possibilidade de uma recessão no Brasil e disse que a economia está saudável, com espaço para reagir a choques externos. Ele voltou a projetar crescimento de 2,5% do PIB em 2025, acima da estimativa do mercado. “O mercado tem 2%, nós estamos em 2,5%, é a primeira vez que nós estamos mais pertinho do outro”, brincou.
Sobre o controle da inflação, o ministro citou medidas como o saque do FGTS e a ampliação do crédito consignado como estratégias para aliviar o endividamento das famílias sem comprometer a política monetária do Banco Central. “Estamos buscando um pouso suave da economia, com inflação sob controle. E isso só é possível quando há equilíbrio entre política fiscal e monetária”, avaliou.
Por fim, Haddad relembrou os dois dígitos do IPCA em 2021, no fim do governo Bolsonaro, e disse que o atual foco é evitar qualquer susto semelhante. “Ela [a inflação] deu uma galopada. Vamos trazer já para baixo para não ter susto”, concluiu. E mais: Kopenhagen e Cacau Show: Justiça decide sobre uso da marca ‘língua de gato’. Clique AQUI para ver. (Foto: Ministério da Fazenda; Fonte: BandNews)