Um dia após declarar que a inclusão das carnes na cesta básica isenta de impostos na regulamentação da reforma tributária foi uma “vitória” de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu ter sido “parcialmente derrotado” no tema. O destaque que conseguir zerar o imposto da carne foi apresentado pelo Partido Liberal (PL), do ex-presidente Bolsonaro.
“O ministro da Fazenda ou é derrotado ou é parcialmente derrotado. Não existe alternativa do ministro da Fazenda ganhar. Não está no horizonte”, afirmou Haddad nesta sexta-feira (12/7) durante o 19º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, da Abraji, em São Paulo.
Haddad relembrou que propôs a inclusão da carne na cesta básica durante sua campanha para o governo paulista em 2022. “Fui parcialmente derrotado, mas fui o único que conseguiu cobrar alguma coisa. Essa é a realidade do Ministério da Fazenda. Você tenta fazer o mais justo possível”, comentou.
Atualmente, a União não cobra impostos (PIS/Cofins) sobre as carnes, mas os estados cobram. O ministro destacou que a disputa era federativa, envolvendo a decisão dos estados em manter ou não a cobrança. Ele também reconheceu que sabia da necessidade de negociação com o Congresso sobre o texto elaborado por sua equipe.
Questionado três vezes sobre quem seria o “pai” da isenção das carnes na aprovação do projeto que regulamenta a reforma tributária, Haddad não respondeu diretamente. Existe um embate entre o PT e o PL sobre a autoria da medida, que reduzirá a carga tributária sobre a proteína animal.
Haddad explicou que, ao enviar um projeto de lei ao Congresso, é necessário estar preparado para negociações. “Você manda um projeto sabendo que vai ter uma negociação ali. Não tem como a Fazenda mandar um negócio e ‘é isso ou nada'”, disse.
Participando do 19º Congresso da Abraji, com o tema “As estratégias do governo para a economia”, Haddad afirmou que negocia com o Congresso desde 2001 e que é essencial ter uma “estratégia” de negociação.
“A Fazenda manda aquilo que tecnicamente é o mais responsável e, em todos os discursos que fiz, eu falei: ‘toda exceção, de certa maneira, acaba prejudicando a reforma tributária’, porque a alíquota padrão vai subindo”, finalizou o ministro. Assista abaixo! (Foto: Ministério da Fazenda. Fontes: Metrópoles; Poder360)