Diante do revés sofrido no Congresso Nacional com a derrubada do decreto que elevava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), o governo federal avalia três caminhos para responder à perda de arrecadação: acionar o Judiciário, buscar uma nova fonte de receita ou realizar novos cortes no Orçamento, que, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, “vai pesar para todo mundo”.
Durante entrevista a um videocast da Folha de S.Paulo, Haddad classificou como “flagrantemente inconstitucional” a decisão dos parlamentares. “Na opinião dos juristas do governo, [a derrubada do decreto] é flagrantemente inconstitucional”, afirmou. Ele defendeu que a judicialização é uma possibilidade real, embora tenha ressaltado que a decisão final caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Haddad disse ainda ter ficado surpreso com o resultado, já que havia saído confiante de uma reunião no dia 8 de junho com os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Davi Alcolumbre. “Saí de lá imaginando que estava tudo bem. Não só eu, todo mundo. Eu não sei o que mudou. Eu não consigo… O que mudou daquele domingo para hoje?”, questionou o ministro.
Segundo ele, a notícia de que a Câmara votaria contra o decreto chegou somente na manhã de quarta-feira (25), por meio da ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais). Haddad revelou que sequer conversou com o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Comissão de Orçamento e um dos interlocutores do governo na área.
Na entrevista, o ministro reforçou a defesa de uma agenda de justiça tributária. “Se a turma da Faria Lima está incomodada, tudo bem”, disse, referindo-se ao setor financeiro que se opõe ao aumento de tributos.
O ministro também informou que a proposta de redução de 10% nas isenções fiscais, inicialmente prevista para esta semana, será adiada para agosto. Por fim, ao comentar o cenário eleitoral, Haddad avaliou que Lula chegará competitivo em 2026, mas descartou um novo aumento no Bolsa Família em ano eleitoral.
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