O governo brasileiro respondeu oficialmente à revista britânica The Economist após a publicação de um artigo que questionava a popularidade e a postura internacional de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em uma carta divulgada nesta terça-feira (1º), o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, rebateu as críticas e defendeu os princípios que, segundo ele, norteiam a atuação do presidente brasileiro: democracia, sustentabilidade, paz e multilateralismo.
A publicação da Economist, veiculada no domingo (29), sugeria que o Brasil, sob o comando de Lula, estaria se afastando das democracias ocidentais e dos Estados Unidos.
O artigo também criticava a falta de esforço do petista em estreitar relações com o presidente americano Donald Trump, de quem Lula é um conhecido opositor. Na semana passada, o presidente chegou a declarar que Trump deveria ser “menos internet e mais chefe de Estado”.
A carta enviada pelo Itamaraty rebate essa visão e detalha a atuação de Lula em fóruns internacionais, com destaque para sua presidência no G20 em 2023. Segundo Mauro Vieira, o presidente brasileiro teria promovido o consenso entre os membros do grupo e lançado iniciativas voltadas à erradicação da fome e da pobreza no mundo.
O chanceler também mencionou a proposta de Lula de criar uma taxação global sobre bilionários, como forma de reduzir desigualdades. O governo brasileiro argumenta que essas ações reforçam o compromisso do país com uma ordem internacional mais justa e equilibrada, em contraste com as críticas publicadas pela revista britânica.
Leia a nota na íntegra: “Em relação ao recente artigo publicado na sua página na internet em 29 de junho, gostaria de fazer as seguintes considerações.
Poucos líderes mundiais, como o Presidente Lula, podem dizer que sustentam com a mesma coerência os quatro pilares essenciais à humanidade e ao planeta: democracia, sustentabilidade, paz e multilateralismo. Como Presidente do G20, Lula construiu um difícil consenso entre os membros, no ano passado, e ao longo do processo logrou criar uma ampla aliança global contra a fome e a pobreza. Também apresentou uma ousada proposta de taxação de bilionários que terá incomodado muitos oligarcas.
O Brasil vê o BRICS como ator incontornável na luta por um mundo multipolar, menos assimétrico e mais pacífico. Nossa presidência trabalhará para fortalecer o perfil do grupo como espaço de concertação política em favor da reforma da governança global e como esfera de cooperação em prol do desenvolvimento e da sustentabilidade.
Sob a liderança de Lula, o Brasil tornou-se um raro exemplo de solidez institucional e de defesa da democracia. Mostrou-se um parceiro confiável que respeita as regras multilaterais de comércio e oferece segurança a investidores. Como um país que não tem inimigos, o Brasil é também um coerente defensor do direito internacional e da resolução de disputas por meio da diplomacia. Não fazemos tratamento à la carte do direito internacional nem interpretações elásticas do direito de autodefesa. Lula é um eloquente defensor da Carta das Nações Unidas e das Convenções de Genebra.
A posição do Brasil quanto aos ataques ao Irã e, sobretudo, às instalações nucleares é coerente com esses princípios. Nossa condenação responde ao fato elementar de que essas ações constituem uma flagrante transgressão da Carta da ONU. Ferem, em particular, as normas da Agência Internacional de Energia Atômica, organização responsável por prevenir contaminação radioativa e desastres ambientais de larga escala.
Na gestão do Presidente Lula, o Brasil condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia, ao mesmo tempo em que apontou a necessidade de abrir caminhos para uma resolução diplomática do conflito, ainda em 2023.
Lula não é popular entre os negacionistas climáticos. Em face de uma nova corrida armamentista, ele está entre os líderes que denunciam a irracionalidade de investir na destruição, em detrimento da luta contra a fome e do aquecimento global.
Para humanistas de todo o mundo, incluindo políticos, líderes empresariais, acadêmicos e defensores dos direitos humanos, o respeito à autoridade moral do presidente Lula é indiscutível.” (Foto: Palácio do Planalto; Fonte: G1)
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