O ex-chanceler Celso Amorim, que hoje é assessor especial do presidente Lula para assuntos internacionais, disse em entrevista exclusiva ao Global Times que o Brasil está aberto a estudar sua adesão à iniciativa “Belt and Road” (Cinturão e Rota), também conhecida como Nova Rota da Seda, megaprograma de investimentos internacionais da China em infraestrutura.
Segundo o veículo, a disposição do Brasil em aderir à cooperação científica e tecnológica com o país asiático, de certa forma, indica que, com a China gradualmente se tornando um parceiro importante para os setores de tecnologia do Brasil, será uma tendência irreversível para as duas economias emergentes fortalecer a cooperação de alta tecnologia, que serão de grande importância para o respectivo desenvolvimento econômico e social.
“Estamos interessados em ver como podemos fazer (a adesão), mas para nós é muito importante entender quais são os projetos concretos que virão. Estamos abertos em estudar e ver como podemos fazer algo realmente importante”, disse Amorim em entrevista concedida ao jornal do Partido Comunista chinês na sexta-feira, quando Lula fez a visita ao presidente Xi Jinping no Palácio do Povo.
A Nova Roda da Seda, denominada como Belt and Road Initiative (BRI), consiste em um plano de investimentos proposto pela China englobando 65 países, compreendendo aproximadamente 62% da população e 30% do PIB global.
No ano passada, a Argentina anunciou a entrada nesse ‘novo acordo econômico’, sendo primeira grande economia da América Latina a aderir ao projeto chinês. Com a entrada da Argentina, a Nova Rota da Seda soma 145 países integrantes, sendo a maioria (44) da África, 42 da Ásia, 29 da Europa, 20 da América Latina e o Caribe e 10 da Oceania.
Com a assinatura do contrato entre os dois países, de início foram aprovados US$ 14 bilhões, cerca de US$ 77,8 bilhões, de financiamento chinês para obras de infraestrutura na Argentina.
A participação brasileira — ainda em avaliação — divide opiniões na diplomacia. Isso porque a entrada do país na nova Rota da Seda e seria um gesto político a favor da China em um momento de rivalidades e tensões exacerbadas com os Estados Unidos. Além disso, existe a dúvida de quais ‘contrapartidas’ são exigidas pela China para tamanho investimento. Clique AQUI para assistir no Youtube a um pequeno documentário sobre o tema publicado pelo deputado federal Luiz Phillippe de Orleans e Bragança (PL-SP).
Huawei
Amorim também fez comentários sobre a possibilidade de cooperação com a Huawei, em meio à pressão dos Estados Unidos sobre aliados contra a realização de negócios com a empresa de tecnologia chinesa.
O assessor de Lula tentou deixar claro que, para ele, tecnologia não tem ideologia, ao dizer ao citar uma frase do líder máximo da China entre 1978 e 1992, de Deng Xiaoping,, de que não importa a cor do gato, contanto que ele cace o rato.
“Na verdade, se pudermos diversificar nossas fontes de tecnologia, será o melhor para nós. Então, estamos muito abertos. Já temos uma cooperação. A Huawei já está presente no Brasil e já é muito importante”, declarou o ex-ministro das Relações Exteriores.