O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira (19) que a taxa básica de juros, a Selic, deverá permanecer em patamar elevado por um período “bastante prolongado”.
Durante participação na 12ª Brazil Macro Conference, promovida pelo Goldman Sachs em São Paulo, Galípolo destacou que ainda não há qualquer discussão sobre uma possível flexibilização da política monetária.
Segundo ele, os agentes de mercado não devem reagir de forma precipitada a indicadores econômicos de curto prazo. “A gente não devia nem se emocionar com o Caged muito mais fraco e nem com um dado da indústria específico uma vez um pouco mais forte. Nós temos que reunir dados para poder confirmar uma tendência”, afirmou, ao comentar dados recentes da atividade econômica.
Para o presidente do BC, o debate que deve ganhar mais importância agora é o tempo necessário para trazer a inflação de volta ao centro da meta. Nesse sentido, a calibragem exata da taxa de juros perde relevância:
“Não importa se a Selic está em 14,75% ou 15,00%. O foco precisa estar no tempo que será necessário para cumprir o objetivo da política monetária”, disse Galípolo.
A atual meta de inflação é de 3%, mas o IPCA acumulado em 12 meses até abril foi de 5,53%, o que mantém as expectativas do mercado desancoradas, segundo a autoridade. O Banco Central já havia elevado a Selic de 14,25% para 14,75% ao ano para conter a pressão inflacionária. “A inflação está acima da meta e o IPCA deverá ficar fora do intervalo de tolerância em junho”, alertou.
Apesar do aperto monetário, Galípolo se mostrou surpreso com a força da economia. “A atividade está surpreendentemente dinâmica”, afirmou. Ele também comentou que investidores internacionais têm se espantado com a resiliência da economia brasileira, mesmo diante de uma política de juros rigorosa.
O presidente do BC aproveitou ainda para reforçar que o compromisso com o controle da inflação é inegociável. “O que a gente espera ter conseguido transmitir a partir do ciclo que a gente vem praticando é deixar bem claro que não há nenhum tipo de tergiversação ou flexibilização em relação à meta do Banco Central.”
Outro ponto de destaque foi a avaliação sobre os mecanismos de transmissão da política monetária. Para Galípolo, parte desses canais ainda apresenta falhas no Brasil, o que será um dos focos de sua gestão.
“Os canais de transmissão da política monetária não estão funcionando com a mesma fluidez que se observa em boa parte dos nossos pares. […] Não vai ter bala de prata. Vai ser necessário implementar várias reformas”, concluiu. (Foto: Ag. Senado; Fonte: Poder360)