Gilmar Mendes chama Lava Jato de ‘organização criminosa’

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Gilmar Mendes, integrante do Supremo Tribunal Federal (STF), participou no sábado (12) da ‘Brazil Conference’, realizada em Boston, nos Estados Unidos. O encontro, promovido por estudantes brasileiros das universidades de Harvard e MIT, contou com declarações contundentes do magistrado sobre a Operação Lava Jato e a atuação do Judiciário.

Gilmar afirmou estar “muito orgulhoso” por ter colaborado com o processo que levou ao enfraquecimento da força-tarefa de Curitiba. Segundo ele, o grupo formado para investigar casos de corrupção agia fora dos limites legais.

“Fico muito orgulhoso de ter participado desse processo que você chamou de desmanche da Lava-Jato, porque era uma organização criminosa. O que eles organizaram em Curitiba, lamentavelmente, era uma organização criminosa”, declarou o ministro.

Durante sua fala, ele revelou que já desconfiava das práticas adotadas na Lava Jato antes mesmo das revelações da Vaza-Jato — série de reportagens baseadas em mensagens obtidas por hackers e que deram origem à Operação Spoofing. Gilmar destacou que um dos sinais de alerta foi o uso de prisões preventivas como ferramenta de pressão para obtenção de delações premiadas.

Questionado pelo público sobre eventuais paralelos entre a suspeição de juízes na Lava Jato e o papel do ministro Alexandre de Moraes na condução do inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado, Gilmar foi enfático ao rejeitar qualquer equivalência.

“Ele foi feito relator. E por causa disso foi sendo agredido. Seria muito fácil para um investigado afastar um juiz a partir da afirmação de impropérios. É disso que se cuida”, disse.

“Não há justificativa para ele ser afastado, uma vez que ele já era relator desses inquéritos e depois dos inquéritos que se agregaram. Então não, não se pode falar disso. Ele não é suspeito, não está impedido, não está julgando no seu interesse. Não se pode nem de longe comparar Alexandre com Moro. Moro de fato se associa a Bolsonaro. Antes mesmo das eleições, ele já tem conversas com Bolsonaro. E aceita ser ministro da Justiça.”

O magistrado também compartilhou um episódio em que, segundo ele, Jair Bolsonaro teria admitido erro ao convidar Sergio Moro para o cargo de ministro da Justiça. Gilmar, por sua vez, ironizou a escolha do ex-presidente: “o grande mérito de Bolsonaro foi tirar Moro de Curitiba e devolvê-lo ‘ao nada’”, teria dito.

No encerramento do debate, Gilmar Mendes ainda rebateu críticas sobre um suposto ativismo do STF. Para ele, as decisões tomadas pela Corte estão dentro das atribuições constitucionais.

“Se houve ativismo, isso decorre da Constituição, do nosso modelo constitucional, e isso decorre, a meu ver, para o bem.” (Foto: STF; Fonte: O Globo)

 

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