Novo presidente do BC culpa ‘economia forte’, dólar e ‘ciclo do boi’ por inflação

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O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, divulgou nessa sexta-feira (10) uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando os motivos que levaram ao estouro da meta de inflação em 2024.

A inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), acumulou alta de 4,83% no ano, superando o teto de 4,5% estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).



Entre os fatores apontados estão a força da economia brasileira, a desvalorização cambial e os impactos de condições climáticas adversas. “No âmbito doméstico, a percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco [rentabilidade adicional cobrada pelos investidores no Brasil], as expectativas de inflação e a taxa de câmbio”, destacou.

A desvalorização do real foi um dos principais elementos mencionados. O dólar, que tinha cotação média de R$ 4,90 em dezembro de 2023, subiu para R$ 6,10 em 2024, o que representa uma queda de 19,7% no valor da moeda brasileira. Segundo o presidente do BC, essa desvalorização impactou diretamente os preços internos e deve continuar influenciando a inflação em 2025.



Além disso, Galípolo ressaltou os efeitos da seca e do ciclo do boi no aumento dos preços. A inflação de alimentos consumidos em casa atingiu 8,22% no ano. “A seca que atingiu parte do país pressionou os preços de alimentação, em especial, de carnes e leite, em função da deterioração de pastagens, e de produtos como café e laranja”, afirmou.

No caso das carnes, explicou: “O ciclo do boi repercutiu nos preços de carne de forma significativa e mais forte do que o esperado, somando-se aos efeitos da seca e da depreciação cambial nesses preços”, acrescentou.



Ele também mencionou que enchentes no Rio Grande do Sul no segundo trimestre afetaram os preços de alimentos na região, mas ressaltou que houve reversão nos meses seguintes.

No âmbito econômico, o presidente do BC destacou que a atividade econômica e o mercado de trabalho apresentaram um desempenho superior às expectativas. Ainda, afirmou que os reajustes salariais “não só acompanharam o movimento da inflação passada, como foram superiores à inflação”, o que contribuiu para as pressões inflacionárias.



Ao analisar as expectativas de inflação para os próximos anos, Galípolo apontou uma piora no cenário. “Para prazos mais longos, como 2025, 2026 e 2027, tendo partido de 3,5% no início de 2024 para cada um dos três anos, a mediana em 3 de janeiro de 2025 era 5%, 4% e 3,9%, respectivamente”, declarou.



A partir de 2025, o Banco Central adotará uma nova sistemática para avaliação da meta de inflação. A meta será considerada descumprida somente quando a inflação acumulada em 12 meses ultrapassar o intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, sem se limitar ao ano-calendário, como foi até 2024. (Foto: Ag. Senado; Fonte: Folha de SP)

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