Em editorial hoje (3), a Folha de São Paulo criticou duramente as projeções orçamentárias do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, destacando a tendência de adotar metas ambiciosas baseadas em previsões excessivamente otimistas. A publicação aponta que essa prática tem sido recorrente desde antes da posse presidencial, quando o governo, com o apoio do Congresso, promoveu uma expansão significativa do gasto público.
O editorial destaca que o governo apresenta metas fiscais que, na teoria, parecem arrojadas, mas que, na prática, se revelam inviáveis. “Apresentam-se metas aparentemente ambiciosas para o saldo das contas do Tesouro; os objetivos, porém, baseiam-se em estimativas demasiadamente otimistas para a arrecadação de impostos e o avanço das despesas,” afirma o texto.
A Folha argumenta que, quando as expectativas não são correspondidas pela realidade, o governo recorre a ajustes nas metas ou a soluções paliativas, minando a credibilidade da política fiscal.
Outra crítica levantada pelo editorial é a confiança excessiva do governo na elevação da arrecadação para alcançar o equilíbrio orçamentário. Segundo o jornal, o atual projeto de Orçamento para 2025 depende de uma arrecadação extra de R$ 166 bilhões, valor que equivale a um ano inteiro do programa Bolsa Família.
A Folha considera essa previsão como uma “miragem”, sustentando que a dependência de aumentos na carga tributária, em um contexto de economia estagnada, é “politicamente e economicamente irrealista”.
O editorial também lembra que, mesmo que o governo consiga atingir a meta de arrecadação de 19% do PIB — um patamar alcançado apenas em 2007, durante o segundo mandato de Lula, em meio a um boom das commodities —, as despesas públicas tendem a superar a receita se não houver um controle rigoroso dos gastos.
“A arrecadação não tem como vencer a corrida contra os gastos nas condições e necessidades atuais,” alerta a Folha, concluindo que sem uma revisão das regras que impõem o aumento contínuo das despesas obrigatórias, o planejamento orçamentário continuará sendo um exercício de “autoengano”. Clique AQUI para ver na íntegra. (Foto: EBC; Fonte: Folha de SP)