As relações entre Estados Unidos e Colômbia atravessam seu momento mais tenso em décadas, após uma troca de gestos diplomáticos que evidencia o crescente distanciamento entre os dois países.
Em uma decisão incomum e carregada de simbolismo político, o governo do presidente norte-americano Donald Trump determinou o retorno imediato de seu representante em Bogotá a Washington.
A medida, que rompe com um padrão de estabilidade bilateral mantido há mais de 30 anos, veio poucos dias após a divulgação de um suposto plano para depor o presidente colombiano Gustavo Petro. O Departamento de Estado norte-americano justificou a convocação alegando “declarações infundadas e repreensíveis dos mais altos níveis do Governo da Colômbia”.
“O Secretário de Estado Marco Rubio chamou John T. McNamara, Encarregado de Negócios ad interim da Embaixada dos EUA na Colômbia, a Washington para consultas urgentes após declarações infundadas e repreensíveis dos mais altos níveis do Governo da Colômbia”, informou o comunicado oficial.
Sem demora, Petro reagiu na mesma moeda. Em postagem nas redes sociais, anunciou o chamado do embaixador colombiano em Washington. “Correspondendo à solicitação de consultas do Sr. McNamara, responsável pela embaixada dos EUA na Colômbia, estou solicitando consultas ao nosso embaixador Daniel García-Peña nos EUA”, escreveu.
O presidente colombiano evitou alimentar o embate direto e preferiu destacar a importância do diálogo bilateral. “Daniel deve vir para nos informar sobre o desenvolvimento da agenda bilateral com a qual estou comprometido desde o início de meu governo”, declarou, mencionando os setores de cooperação sem comentar o conflito diretamente.
O atrito atual é mais um capítulo de uma relação já desgastada entre Petro e Trump. Em janeiro, o governo colombiano recusou-se a receber aviões com deportados dos EUA, alegando violação de direitos humanos. A retaliação por parte da Casa Branca foi imediata: o governo suspendeu a emissão de vistos, vetou a entrada de membros do partido governista colombiano, impôs tarifas sobre produtos colombianos e revogou vistos de autoridades do país.
Na ocasião, Trump ainda deixou claro que, caso Petro não recuasse, as sanções seriam ampliadas. Diante da pressão, o presidente colombiano acabou voltando atrás.
Agora, com a convocação de diplomatas e a retórica cada vez mais firme de ambos os lados, os sinais de desgaste se intensificam. A retirada dos embaixadores, ainda que temporária, marca uma escalada que pode ter repercussões não apenas diplomáticas, mas também econômicas e estratégicas na região. (Foto: Casa Branca; Fonte: UOL)
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