Estadão reage à festa ‘rega-bofe’ de Zé Dirceu e pede que ‘Direita democrática’ enfrente “força retrógrada”

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O editorial do Estadão desse sábado (16) faz uma crítica contundente sobre o contexto político da comemoração do 78º aniversário de José Dirceu, realizada em Brasília na última semana.

A festa contou a presença de figuras da política brasileira, como o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, o presidente da Câmara, Arthur Lira, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o deputado Guilherme Boulos, pré-candidato à Prefeitura de São Paulo.

Interessados na sucessão de Lira no comando da Câmara, os deputados Elmar Nascimento, Marcos Pereira, Antonio Brito e Isnaldo Bulhões foram outros compareceram.

Lula não foi, mas, além de Alckmin, fez-se representar pelos ministros José Múcio Monteiro (Defesa), Fernando Haddad (Fazenda), Nísia Trindade (Saúde), Alexandre Padilha (Relações Institucionais ) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos).

Escreve o jornal: “O petista, devidamente ressocializado depois de ter sido preso três vezes, reuniu em torno de si boa parte da cúpula do poder numa mansão do Lago Sul, em Brasília. O beija-mão que se viu naquela festa mostrou que nenhum dos inúmeros reveses jurídicos e políticos de que Dirceu padeceu por ter se metido em toda sorte de malfeitos durante os primeiros mandatos do presidente Lula da Silva parece ter lhe tirado os ares de consigliere.”, disparou o jornal no início de seu editorial.

Segundo o texto, a presença de cerca de 500 convidados, incluindo políticos de diferentes espectros ideológicos, advogados, empresários e jornalistas, mostrou que Dirceu mantém sua influência mesmo após tantos reveses jurídicos e políticos. A descrição detalhada do banquete oferecido na festa, segundo o Estadão, contrasta com a gravidade dos crimes pelos quais Dirceu foi condenado, levantando críticas à postura daqueles que prestigiaram o evento.

“Nem parecia que os cerca de 500 convidados do aniversariante – entre os quais figuravam políticos de todos os matizes, advogados, empresários e jornalistas – estavam reunidos em torno de um criminoso condenado por delitos graves em várias instâncias do Poder Judiciário. Decerto a costelinha de porco, o feijão tropeiro, o sorvete do Pará e a perspectiva de poder oferecidos no banquete pareceram tão saborosos aos convivas que a vergonha passou longe dali.”

O texto reproduz parte do discurso de Dirceu durante a festa, no qual ele defende a reeleição de Lula em 2026 e mais um mandato petista até 2034, afirmando que o país tem apenas dez anos para implementar as ‘mudanças necessárias’.

Num discurso que soou quase como uma ameaça ao País que deseja se desenvolver social e economicamente com responsabilidade, Dirceu defendeu não só a reeleição de Lula em 2026, como ainda mais um mandato petista, no mínimo, até 2034. “Nós (os petistas) não temos mais 30, 40 anos. Nós temos dez anos para fazer as mudanças”, disse o aniversariante. “Nós não chegamos ao governo com maioria no País. Nós chegamos ao governo pelas circunstâncias históricas do bolsonarismo.”

O editorial ressalta a habilidade estratégica de Dirceu e o papel que ele continua a desempenhar no PT. “Deve-se reconhecer que José Dirceu, um dos líderes de facto do PT, segue sendo um dos mais argutos e lúcidos estrategistas políticos do partido. Sua clareza de diagnóstico sobre as circunstâncias excepcionalíssimas que permitiram a volta de Lula e do PT ao poder parece faltar ao próprio presidente da República.”

O texto conclui fazendo um apelo ao que o jornal chama de ‘direita democrática’ e ‘responsável’ para que se articule contra a ‘força retrógrada’ representada por Dirceu e pelo PT.

“Lula já está inclinado a retomar políticas que, comprovadamente, quase levaram o Brasil à ruína no passado recente, tanto pior será com alguém muito mais inteligente e capaz, como Dirceu, a seu lado nessa empreitada rumo ao atraso”.

E concluiu: “Para que não seja o País a sofrer com a ressaca, seria prudente que uma direita democrática e responsável se articulasse para enfrentar essa força retrógrada. Afinal, como o próprio Dirceu admitiu, caso a direita não tivesse sido sequestrada por um desqualificado como Bolsonaro, o PT jamais teria voltado ao poder.”, encerra o veículo sem explicar quem ele acredita representar a ‘direita democrática e responsável. Clique AQUI para ler na íntegra. E mais: Assista ao discurso de Dirceu abaixo!

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