Estadão diz que governo Lula ‘brinca com fogo’ ao ‘menosprezar’ compromisso fiscal

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O governo de Luiz Inácio Lula da Silva tem enfrentado uma série de desafios econômicos, e sua postura em relação à responsabilidade fiscal tem sido amplamente criticada. O editorial do O Estado de S. Paulo de hoje (18) revela que a falta de medidas eficazes para controlar a crise fiscal tem levado o Brasil a uma grave turbulência cambial, com o dólar atingindo níveis recordes.

Na segunda-feira, 16, a moeda norte-americana fechou a R$ 6,09, um valor nunca antes registrado, mesmo após o Banco Central (BC) realizar uma intervenção no mercado com injeção de US$ 4,617 bilhões por meio de leilões cambiais. Contudo, a cotação do dólar não parou de subir. Na terça-feira, o valor chegou a tocar R$ 6,20, e só recuou após o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, anunciar uma medida para acelerar a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do pacote de corte de gastos, apresentada pelo governo.



“O governo Lula da Silva parece não compreender o quão contraproducente tem sido sua reticência em relação à responsabilidade fiscal”, destaca o editorial, deixando clara a frustração com a falta de ações decisivas por parte do governo. A maior preocupação é a incapacidade do presidente de convencer os investidores sobre a seriedade do ajuste fiscal necessário. Em meio a essa crise, a estratégia do governo tem sido, até agora, insuficiente para evitar que o mercado continue a demonstrar seu ceticismo.

Uma das principais causas da instabilidade cambial é a resistência de deputados da base aliada, especialmente do PT, em apoiar um pacote fiscal mais robusto. Esses fatores têm levado não apenas à disparada do dólar, mas também ao aumento dos juros futuros, um dos maiores indicativos da desconfiança dos investidores em relação à política econômica do governo.



O editorial do Estadão também faz referência a fatores externos que influenciam o cenário cambial. A alta do dólar é, em parte, resultado de uma demanda sazonal de multinacionais, que precisam transferir recursos para suas matrizes antes do fim do ano. Além disso, o mercado tem acompanhado com atenção a possibilidade de medidas protecionistas do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, e as decisões do Federal Reserve, o banco central norte-americano, que deve anunciar o terceiro corte consecutivo na taxa de juros.

No entanto, o principal ponto abordado no editorial é a desarmonia interna entre as políticas fiscal e monetária. “O que agita o mercado é a perspectiva de que os caminhos da política monetária do BC e da política fiscal do governo sigam em direções diametralmente opostas”, alerta o texto. Isso cria uma atmosfera de incerteza que só tende a piorar, enquanto o governo permanece omisso em suas sinalizações fiscais mais contundentes.



A crítica se estende também ao comportamento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que, segundo o Estadão, teria afirmado que há uma “ação orquestrada” de agentes do mercado, com análises contaminadas por suas preferências políticas. Para o governo, a alta do dólar não seria justificável pelos atuais fundamentos econômicos do Brasil, o que, de acordo com o editorial, revela uma visão desconectada da realidade do mercado financeiro.

“Isso deixa claro que o governo começa a operar no universo paralelo característico do lulopetismo, ignorando que o mercado não se move apenas pelos indicadores macroeconômicos atuais, mas, sobretudo, pelos futuros”, critica o editorial. Esse olhar voltado para o presente, sem uma visão de médio e longo prazo, tem gerado insegurança no mercado, levando à fuga de capitais e ao aumento das taxas de juros.



O texto ainda lembra que a desvalorização do real não é um fenômeno recente. No final de 2023, o dólar estava cotado a R$ 4,90, mas esse cenário mudou drasticamente a partir de abril deste ano, quando o governo alterou as metas fiscais para 2025 e 2026 sem qualquer explicação ou comunicação prévia, o que agravou a desconfiança dos investidores.

“A perda de valor [do real] se acentuou em abril, quando o governo decidiu mudar as metas fiscais de 2025 e 2026 sem qualquer comunicação ou justificativa”, aponta o editorial. Para o Estadão, o governo não tem demonstrado uma ação coordenada e eficaz para reverter essa situação e estabilizar o mercado cambial.



Além disso, o impacto dessa desvalorização já pode ser observado em outros indicadores econômicos, como a inflação. Com o dólar em alta, a inflação no Brasil já acumula um aumento de 4,87% nos 12 meses encerrados em novembro, ultrapassando o teto da meta estabelecida pelo governo. O efeito mais imediato da desvalorização da moeda tem sido no aumento dos preços ao produtor e no setor da construção civil, cujos índices de inflação estão próximos de 6% nos últimos 12 meses.

Ainda assim, o governo parece não reconhecer a gravidade da situação. “Enquanto isso, o governo só enxerga o ano eleitoral de 2026, esquecendo o quanto a inflação elevada pode prejudicar os mais pobres e, por consequência, suas chances na disputa”, conclui o editorial.

O texto alerta que, se o governo não adotar medidas fiscais mais eficazes e rápidas, os impactos econômicos serão severos, afetando a população mais vulnerável e, eventualmente, a própria viabilidade política do governo. Clique AQUI para ver na íntegra. E mais: Honda e Nissan avaliam fusão. Clique AQUI para ver. (Foto: EBC; Fonte: Estadão)



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