O editorial do Estado de S. Paulo desta segunda-feira (4) reflete sobre a crise enfrentada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) após as recentes eleições municipais, que resultaram em derrotas significativas e uma evidente desidratação do partido.
O texto destaca a confusão interna entre lideranças, algumas reconhecendo a distância entre o PT e sua base eleitoral, enquanto outras, como a presidente Gleisi Hoffmann, insistem em um discurso triunfalista. “O calor dos debates, iniciado na reunião da Executiva Nacional, virou brasa espalhada nas redes sociais e na imprensa.”
Gleisi Hoffmann, em sua defesa, tentou apresentar os números de forma positiva, afirmando que “os números não eram tão ruins quanto se supunha”. Ela ressaltou que o PT havia eleito 252 prefeitos, um aumento em relação aos 183 de quatro anos atrás, e declarou que se tratava de uma “retomada” do partido após o que considerou um fundo do poço em 2020. No entanto, o editorial critica essa perspectiva, apontando que o PT ficou em nono lugar em número de prefeitos eleitos e que o PSB se tornou o partido da esquerda com mais prefeituras.
Um dos pontos centrais do editorial é a crescente rejeição popular ao PT e a sua perda de relevância entre importantes segmentos do eleitorado. Valter Pomar, integrante do PT, é citado ao afirmar que “existe gente – na direção do partido e na cúpula do governo – que vive num metaverso”, indicando uma desconexão com a realidade.
O ministro Alexandre Padilha reconheceu a fragilidade da situação do partido, afirmando que “o PT é o campeão nacional das eleições presidenciais, mas (…) não saiu ainda do Z4 (zona de rebaixamento) que entrou em 2016”.
A reação de Gleisi Hoffmann ao comentário de Padilha foi de defesa e acusação, atribuindo os resultados ruins à “condição de governo de ampla coalizão” e à “ofensiva da extrema direita”. Sua resposta ilustra a dificuldade do PT em lidar com a autocrítica e a necessidade de reconhecer os erros cometidos, tanto no passado quanto nas decisões políticas recentes. “Padilha devia focar nas articulações políticas do governo, de sua responsabilidade, que ajudaram a chegar a esses resultados”, afirmou Hoffmann, tentando desviar a atenção das críticas internas.
O editorial conclui que, apesar das fraquezas nas articulações políticas do governo e dos erros acumulados pelo partido, “nada a dizer, por exemplo, sobre os efeitos dos escândalos de corrupção do passado” e outros desvios que afastam o PT das aspirações mais atuais da população.
Embora as dificuldades municipais não necessariamente se estendam às próximas disputas eleitorais, o editorial aponta que a “biruta petista, a esta altura, parece incapaz de apontar o rumo do partido em meio ao vendaval político”. A análise deixa claro que o PT precisa urgentemente de uma reflexão profunda sobre sua identidade e estratégia se quiser recuperar a confiança do eleitorado. Clique AQUI para ver na íntegra. (Foto: Agência Brasil)