O Estadão, em seu editorial de hoje, criticou a postura do governo em relação à contenção de gastos, uma medida que havia sido ventilada pela equipe econômica antes das eleições municipais, mas que agora enfrenta incertezas.
Segundo o editorial, a equipe econômica havia prometido apresentar um “pacote de corte de gastos” após o pleito, com economia estimada entre R$ 30 e R$ 50 bilhões, mas, após as eleições, as discussões retornaram ao “ramerrão de sempre” sem avanços visíveis.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chegou a destacar a importância de controlar o crescimento dos gastos públicos e seu impacto sobre a dívida pública, mencionando que medidas seriam submetidas ao Congresso antes mesmo da reforma tributária. Contudo, recentemente, Haddad afirmou que ainda haverá “muitas reuniões com Lula da Silva sobre o assunto” e que não há previsão para a apresentação do pacote.
Em um movimento que decepcionou o mercado, o ministro também evitou fazer previsões sobre a economia gerada pelas ações propostas. “Nunca divulguei o número para vocês”, disse Haddad, o que, segundo o Estadão, soou como “um balde de água fria” para o mercado.
A falta de definição sobre o corte de gastos levou o dólar a subir para R$ 5,76, o maior valor desde 2021. Em resposta, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou que o plano de contenção deve ficar para novembro e que a prioridade será revisar “políticas públicas ineficientes”. Tebet também pontuou que a iniciativa demandará “coragem”, enquanto Haddad garantiu que a Casa Civil está alinhada com a equipe econômica para compatibilizar as despesas aos limites do arcabouço fiscal.
O editorial do Estadão ressalta a lentidão do governo em enfrentar a questão dos gastos, considerando que “as poucas ações em estudo e que vêm a público são imediatamente rechaçadas por ministros do governo e parlamentares do PT”. A publicação também critica a resistência de Lula em abordar os gastos públicos de forma estrutural, destacando que a falta de clareza e ações efetivas causa uma “cobrança cada vez mais alta do mercado na forma de juros e dólar”.
Além dos desafios internos, o jornal cita fatores externos que pressionam o Brasil, como a possível vitória de Donald Trump nas eleições dos EUA e a manutenção de juros altos pelo Federal Reserve, o que contribui para a valorização do dólar.
Entretanto, segundo o Estadão, a deterioração do cenário econômico interno é uma questão igualmente séria, com a inflação acima da meta, juros futuros elevados e a dívida bruta do país projetada para ultrapassar 90% do PIB até 2032. Esses fatores, argumenta o editorial, dificultam o cumprimento do arcabouço fiscal e reduzem a eficácia das receitas no equilíbrio das contas.
No editorial, o Estadão encerra destacando a importância de um plano sólido para conter o déficit e a dívida pública, salientando que “não será possível apostar apenas na recuperação de receitas para zerar o déficit primário”. Clique AQUI para ver na íntegra. E mais: Filhos acham ‘herança’ esquecida de 32 milhões do pai, mas em notas de Cruzados. Clique AQUI para ver. (Foto: EBC; Fonte: Estadão)