A advogada Carol Pronner, esposa do cantor Chico Buarque, será assessora especial do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. A informação é do colunista Igor Gadelha, do portal Metrópoles.
Segundo ele, Carol já recebeu o convite e aceitou. Ela atuará focada na área internacional. A advogada integra o Prerrogativas, grupo de juristas anti-lavajatistas que apoiou a eleição de Lula. Ela fez parte da equipe de transição.
Posse
Aloizio Mercadante tomou posse como presidente do BNDES, nessa segunda-feira (6). Em seu discurso, disse que a instituição é o maior banco de desenvolvimento das Américas e esteve na linha de frente para viabilizar financiamentos de longo prazo nos grandes ciclos de desenvolvimento do país. Entre os casos de sucesso, ele citou a fabricante de aviões Embraer.
“Apenas oito países do mundo têm capacidade tecnológica para produzir aeronaves e o Brasil é um deles. Hoje a Embraer é uma história de sucesso do talento brasileiro que contou, em 125 anos, com R$ 25 bilhões em financiamento do BNDES para a exportação de 1.275 aviões para inúmeros países”, ressaltou, completando que o banco tem que ter visão estratégica.
Exportação
O planejamento da nova gestão da instituição inclui apoio às exportações. De acordo com Mercadante, o Brasil não pode ficar restrito a exportação de produtos agrícolas, da qual é um grande expoente. “Noventa e oito por cento do mercado existente no mundo está fora do Brasil. Para sermos competitivos, as empresas brasileiras precisam disputar este mercado e ganhar escala, competitividade e eficiência. Essa é uma pauta fundamental para o futuro do BNDES, da indústria e do Brasil. Como tem dito o ministro [do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços] Alckmin, sempre cobrando na nossa gestão, nós precisamos exportar”, concluiu.
Na visão de Mercadante, o BNDES deve apoiar o pré e o pós-embarque das exportações de bens e produtos. “Na verdade, presidente, nós estamos desenvolvendo um projeto para a constituição de um Eximbank [banco financiador de exportações] no Brasil no BNDES, a exemplo que já existe nas principais economias do mundo”, revelou.
TLP
Mercadante também voltou a falar em mudanças na Taxa de Longo Prazo (TLP), que regula os financiamentos da instituição. Em vigor desde 2018, a TLP segue as taxas de mercado, diferentemente da TJLP, que vigorou desde 1994 e era definida de acordo com a vontade do governo federal.
Segundo Mercadante, eventual mudança na TLP será debatida com o Congresso Nacional. “Não queremos e não estamos reivindicando padrões de subsídio no Orçamento, como no passado”, afirmou o no presidente do BNDES, em sua cerimônia de posse, na sede do banco, no Rio.
A nova gestão, segundo o presidente do banco, vai apoiar com mais determinação o crescimento e a modernização das micro, pequenas e médias empresas, que são grandes geradoras de emprego e renda. “O grande desafio do sucesso da agenda das micro, pequenas e médias empresas será em parceria com o Congresso Nacional e o Ministério de Ciência, Tecnologia e Nivação. Debateremos para ajustar a taxa de longo prazo, a TLP, que o BNDES utiliza hoje”, comentou.
Financiamento externo
Em seu discurso, Mercadante também deu bons indícios que o Banco voltará a financiar obras no exterior. “O presidente Lula tem toda a razão quando diz que o BNDES tem de ser um banco parceiro do desenvolvimento e da integração regional”. “O nosso desenvolvimento passa necessariamente pela integração da América Latina, pela parceria com os países do sul global”.
E continuou: “o Brasil será ainda maior quando atuar em conjunto com os seus vizinhos. O Brasil é mais da metade do território, do PIB e da população da América do Sul. Estamos irrevogavelmente inseridos neste contexto geográfico e histórico. Nosso destino está portanto indissoluvelmente ligado ao destino da nossa região.”
Primeiro projeto
No evento, o novo presidente do BNDES confirmou que já tem acertado o financiamento de um futuro Museu da Escravidão, destinado a preservar a memória da chegada de africanos ao Brasil até o século XIX.
O projeto seria localizado no Cais do Valongo, região central do Rio de Janeiro onde chegavam os principais navios negreiros com escravos ao país. Será um museu construído pelo Ministério da Igualdade Racial, hoje comandado por Anielle Franco, que estava no palco.