Em uma década, aumenta número de estudantes adolescentes que experimentam álcool, droga e sexo no Brasil

direitaonline



O IBGE divulgou, nesta quarta-feira (13), um estudo experimental da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) com indicadores comparáveis dos alunos escolares do 9º ano do ensino fundamental, entre 2009 e 2019.

A PeNSE traz informações sobre alimentação, atividade física, cigarro, álcool, outras drogas, situações em casa e na escola, saúde mental, saúde sexual e reprodutiva, higiene e saúde bucal, segurança, uso dos serviços de saúde, características gerais dos escolares, características do ambiente escolar, entre outros. A pesquisa é feita em parceria com o Ministério da Saúde e o apoio do Ministério da Educação.

A publicação traz uma análise inédita das quatro edições da PeNSE (2009, 2012, 2015 e 2019). “Nessa década, foram incorporadas inovações e modificações que impossibilitavam uma comparação de forma direta. Para fazer a análise, além da tradicional comparação temporal entre pontos da série, aplicaram-se novas estratégias metodológicas, como a harmonização das variáveis, empilhamento das bases e regressão logística”, explica Marco Andreazzi, gerente da pesquisa.

Cigarros
O estudo mostrou que a experimentação ou início da exposição ao tabaco através do cigarro pelos adolescentes do 9º ano das capitais não mostrou diferença estatisticamente significativa entre a edição de 2009 e a de 2019, apesar da leve queda de 22,9% para 21,0%. No entanto, caiu a precocidade da exposição, em idade inferior aos 14 anos, de 16,8% em 2009 para 13,1% e 2019.

Consumo de álcool aumenta, principalmente, entre as meninas
A experimentação de bebida alcóolica cresceu de 52,9% em 2012 para 63,2% em 2019. Esse aumento foi mais intenso entre as meninas, que saíram de 55% em 2012 para 67,4% em 2019. Para os meninos, o indicador foi de 50,4% em 2012 para 58,8% em 2019. Devido a mudanças na redação da pergunta, os dados de 2009 não foram comparados.

Cresce a experimentação de drogas antes dos 14 anos de idade
A experimentação ou exposição ao uso de drogas cresceu em dez anos, indo de 8,2% em 2009 para 12,1% em 2019. A tendência de crescimento observada através da razão de chances foi de 55% no período, sendo de 4,5% ao ano.

O aumento da exposição às drogas entre as meninas foi bem maior que entre os meninos, que chegaram a apresentar uma redução na razão de chances de experimentar drogas ilícitas nas escolas privadas (-30,4%). O maior aumento das chances de experimentar drogas ilícitas se deu entre as meninas escolares da rede pública, que dobraram as chances de experimentação, atingindo 107,4% de variação no período.

Em relação à precocidade dessa exposição, ou seja, antes de completar 14 anos de idade, o percentual passou de 3,4% em 2009 para 5,8% em 2019. Identificou-se uma tendência de crescimento nas chances de exposição, com alta de 87,5% no período. “Essa tendência está decrescente para os meninos das escolas privadas e crescente para meninos de escolas públicas e meninas de ambas as redes, chegando a um aumento expressivo de 164,6% entre as meninas das escolas públicas em dez anos”, complementa o gerente.

Cresce a iniciação sexual entre as meninas; uso de preservativo cai
O indicador de iniciação sexual vem apresentando estabilidade ao longo dos anos, mas com comportamentos diferenciado por sexo e rede de ensino. Para os meninos, a tendência é de queda, chegando a um decréscimo de 5,8% ao ano na chance de iniciação, acumulando no período uma variação de 45,2% para os meninos da rede pública. Já a chance de as meninas iniciarem a vida sexual aumentou em torno de 4,0% a cada ano, com uma variação de cerca 41,0% no período 2009-2019 para as meninas de ambas as redes.

O percentual de escolares do 9º ano das capitais que já tinham tido relações sexuais passou de 27,9% em 2009 para 28,5% em 2019. “Ao longo de toda a série, os meninos têm uma maior taxa de iniciação sexual; contudo, a taxa de iniciação sexual das meninas entre 2009 e 2019 aumentou de 16,9% para 22,6%, enquanto a dos meninos caiu de 40,2% para 34,6%”, destaca Andreazzi.

O uso de preservativo na última relação, entre os escolares que já tiveram relação sexual, mostrou uma tendência de queda, cuja chance de uso teve um decréscimo de 7,0% ao ano entre 2009 e 2019 e de 51,3% no acumulado em 10 anos. Nas capitais, o percentual de escolares que usaram camisinha na última relação sexual caiu de 72,5% para 59% de 2009 a 2019. Entre as meninas, foi de 69,1% para 53,5% e, entre os meninos, de 74,1% para 62,8%.

Veja abaixo um resumo com os principais dados apurados pelo IBGe sobre os estudantes brasileiros do 9º ano, de 2009 a 2019:

• Essa divulgação traz uma análise comparativa inédita das quatro edições da PeNSE (2009, 2012, 2015 e 2019). Para que isso fosse possível, o IBGE implementou estratégias metodológicas que permitiram a combinação dos dados das quatro edições da pesquisa.
• De 2009 a 2019, cresceu o número de estudantes insatisfeitos com próprio corpo: a proporção dos que se julgavam gordos ou muitos gordos foi de 17,5% para 23,2%, enquanto a dos que se consideravam magros ou muito magros foi de 21,9% a 28,6%.
• O percentual de escolares que sofreram agressão física por um adulto da família aumentou: de 9,4%, em 2009, para 11,6% em 2012 e 16,0% em 2015.
• Dobrou o percentual de escolares que faltaram ao menos um dia às aulas por não se sentirem seguros no trajeto ou na escola: de 8,6% em 2009 para 17,3% em 2019.
• O percentual de escolares que já tiveram relações sexuais passou de 27,9% em 2009 para 28,5% em 2019. No entanto, para os meninos, a proporção caiu de 40,2% para 34,6% no período, enquanto para as meninas, a proporção aumentou de 16,9% para 22,6%.
• De 2009 a 2019, o percentual de escolares que usaram camisinha na última relação sexual caiu de 72,5% para 59%. Entre as meninas, a queda foi de 69,1% para 53,5% e, entre os meninos, de 74,1% para 62,8%.
• A proporção de estudantes que consumiram cigarros, ao menos em um ou dois dias, nos 30 dias antes da pesquisa caiu de 16,8% em 2009 para 13,1% em 2019.
• A experimentação de bebida alcóolica cresceu de 52,9% em 2012 para 63,2% em 2019. Esse aumento foi mais intenso entre as meninas, que saíram de 55% em 2012 para 67,4% em 2019. Para os meninos, o indicador foi de 50,4% em 2012 para 58,8% em 2019.
• A experimentação ou exposição ao uso de drogas subiu de 8,2% em 2009 para 12,1% em 2019.
• De 2009 a 2019, o percentual de alunos com mães sem instrução ou com ensino fundamental incompleto caiu de 25,6% para 15,2%.
• No mesmo período, a proporção de estudantes cujas mães tinham ensino superior subiu: de 16% para 23,5%.
• Enquanto 98,2% dos adolescentes da rede privada tinham pia em condições de uso e com sabão em suas escolas, somente 63,7% dos adolescentes das escolas públicas contavam com isso.

Gostou? Compartilhe!
Next Post

Companhia aérea GOL distribui dezenas de revistas Veja com ataque a Bolsonaro

Um vídeo repercutido nas redes sociais, nesta quarta-feira (13) mostra um guichê da companhia aérea GOL no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, distribuindo a edição deste fim de semana da revista Veja, com ataque ao presidente Jair Bolsonaro. A reportagem de capa diz: “Perigo à vista”, com uma montagem […]