Em editorial publicado neste domingo (22), o jornal Folha de S.Paulo fez duras críticas à condução fiscal do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), classificando a situação como uma “fatura da irresponsabilidade orçamentária”.
O texto ressalta que as escolhas do petista colocam em risco a estabilidade macroeconômica do país e que há dois caminhos para resolver o problema: um organizado, que minimizaria os custos sociais, e outro caótico, que, segundo o jornal, “produzirá desastres”.
A publicação destacou que, desde o início de seu mandato, Lula adotou políticas econômicas que resgatam a ideia de que “o progresso decorre da expansão ilimitada do Estado”. Como exemplo, citou a emenda de transição, aprovada ainda no período de transição de governo, que aumentou os gastos federais em R$ 150 bilhões.
A Folha relembrou suas críticas feitas em dezembro de 2022 sobre os riscos dessa política. “Na sequência, colhem-se ‘mais inflação, juros e endividamento’”, afirmou o editorial. O jornal também alertou que o impacto dessa trajetória insustentável pode levar a uma deterioração do emprego.
O editorial atribui à autonomia do Banco Central, conquistada em 2021, um papel crucial no controle inflacionário durante os últimos dois anos, apesar da elevação da taxa Selic a níveis recordes. “A ação firme da autoridade monetária contra-arrestou a incontinência do Planalto e evitou que a inflação saísse do controle por quase dois anos”, pontuou.
Entretanto, o texto ressaltou que as condições econômicas se deterioraram a ponto de os instrumentos do Banco Central já não serem suficientes. “O choque recente nos juros básicos, que os projetou para asfixiantes 14,25% ao ano em março, não estancou a sangria”, afirmou a Folha, destacando a disparada do dólar e das taxas de juros no mercado, além dos prejuízos econômicos ainda não totalmente mensurados.
O editorial foi além ao prever um “cavalo de pau” na economia caso não haja ajustes fiscais urgentes. E fez uma advertência direta ao presidente: “A velha artimanha de Lula de acusar um complô de operadores financeiros pela situação terá pouca serventia”.
Para a Folha, a situação requer medidas estruturais robustas, principalmente no controle de gastos. “A poupança para impedir o descalabro da dívida requer mecanismos bem mais persistentes e valores muito mais significativos, o que é impossível sem redução de despesas”, argumentou o jornal.
O texto também comparou o cenário atual com o governo de Dilma Rousseff, que enfrentou um processo de impeachment em meio a uma grave crise econômica. “Encapsular-se na teoria do almoço grátis vai conduzi-lo para um fiasco parecido com o de Dilma Rousseff, o que seria uma pena, pois em quase todos os outros setores o governo atual supera o de Jair Bolsonaro (PL)”, afirmou o editorial.
Por fim, a publicação sugeriu que Lula ainda pode reverter o quadro, desde que tenha “coragem para mudar de rumos diante de riscos palpáveis de ruína”. A conclusão aponta que o presidente tem nas mãos a chance de concluir seu terceiro mandato sem comprometer a estabilidade econômica, considerada “a conquista mais cara à sociedade brasileira nos últimos 30 anos”. Clique AQUI para ver na íntegra. (Foto: Palácio do Planalto; Fonte: Folha de SP)