Nessa quinta-feira (22), o jornal Folha de S. Paulo publicou editorial em tom bastante crítico às primeiras medidas anunciadas por Lula (PT), entre elas a aprovação da ‘PEC da Transição’.
No início do texto, que reflete a opinião de sua editoria, a Folha diz que “o cenário econômico transformou-se para melhor”, apesar do que o jornal classifica como “atraso civilizatório” do governo Bolsonaro. O texto, entretanto, não explica a crítica.
Mais especificamente sobre a economia, disse a Folha: “O crescimento (de 2022) mostrou ritmo além do esperado, com o PIB avançando acima dos 3%, e o emprego teve retomada vigorosa. A inflação deixou o patamar de dois dígitos e se encontra em trajetória de queda mais adiantada que a de países ricos. A dívida pública voltou ao patamar pré-pandemia”.
A fala soa bem diferente da impressão que tinham os leitores do veículo meses atrás. Dia após dia, as capas online da Folha de SP e do seu subproduto, o portal UOL, tinham constantes “críticas” (para dizer o mínimo) à política econômica liberal do governo Bolsonaro/Guedes.
Agora, a Folha diz que “o cenário econômico transformou-se para melhor”, como se tudo o que o próprio jornal cita acontecesse num “passe de mágica econômico”.
E também dá sua receita de como o próximo governo deveria atuar: “a estratégia correta seria uma intervenção prudente na despesa pública, limitada ao suficiente para assegurar a assistência social. A responsabilidade fiscal facilitaria a queda da inflação e dos juros, e a economia poderia recobrar o crescimento sustentável, crucial para a redução da pobreza”.
Mas, diz a Folha: “Foi outra a escolha do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). E, não por acaso, a recuperação que se podia vislumbrar ficou nublada em menos de dois meses após o desfecho da eleição”.
O jornal parece também ter sido mais um dos que acreditaram no discurso da ‘frente ampla’: “Os petistas, que não parecem dispostos a dividir as decisões de governo, trataram de mais que duplicar a alta recomendável do gasto já no primeiro ano de Lula e a recuperar o discurso envelhecido de 40 anos atrás contra as privatizações —como se não fosse importante estancar a sangria dos cofres públicos com as estatais ineficientes e aumentar o investimento em infraestrutura e saneamento básico”.
Já no parágrafo seguinte, o veículo até parece defender o modelo liberal de Paulo Guedes: “Aí se misturam conveniências políticas, compromissos com as corporações da máquina estatal e, pior, a crença pueril de que a prosperidade só pode ser alcançada com expansão contínua do Estado”.
As críticas ao PT seguem: “só se viu a opção pela gastança, que quando muito produzirá um impacto de curto prazo na atividade produtiva. Para, na sequência, colherem-se mais inflação, juros e endividamento, com o consequente impacto negativo no emprego”.
Agora, para a Folha, Lula nem era aquela candidato tão favorito que suas pesquisas indicavam vencer no primeiro turno: “Eleito com margem mínima de votos, Lula tem menor margem para erro. Não poderá contar com um cenário internacional favorável como o de duas décadas atrás —ao contrário, o mundo desenvolvido registra inflação inaudita, juros crescentes e a possibilidade de recessão. Tampouco a desculpa da “herança maldita” encontrará eco além das hostes petistas”.
Por fim, o editorial termina com um tom de arrependimento melancólico: “A imprudência orçamentária, infelizmente, parece fato consumado. A chamada frente ampla, que ajudou Lula a chegar novamente ao poder, deve encarar a realidade: no lugar do esperado Lula 1, Lula 3 começa repetindo os erros de Dilma Rousseff”.
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