Durante décadas, um fóssil curioso esteve guardado em coleções científicas sem receber a devida atenção. Agora, mais de um século depois de ser classificado erroneamente, pesquisadores identificaram uma nova espécie de dinossauro, de porte modesto, que viveu durante o período Jurássico ao lado de alguns dos maiores répteis que já habitaram a Terra.
O animal foi batizado de Enigmacursor mollyborthwickae — nome que pode ser traduzido como “corredor enigmático”. Com cerca de 1,80 metro de comprimento e 64 centímetros de altura, o dinossauro era semelhante a um cachorro labrador em tamanho, embora apresentasse proporções bem distintas: patas longas, cauda extensa e pés avantajados.
A leveza da estrutura corporal e os membros alongados sugerem que era um corredor ágil, característica essencial para sobreviver num ecossistema repleto de predadores.
Este pequeno herbívoro viveu há aproximadamente 150 milhões de anos, em uma região que corresponde hoje ao oeste dos Estados Unidos. Na época, a área era tomada por zonas úmidas e planícies alagadiças que formavam a chamada Formação Morrison — um ambiente habitado por espécies colossais, como o Diplodocus e o predador Ceratosaurus.
O esqueleto estudado parece pertencer a um indivíduo jovem. Essa conclusão se baseia na análise de vértebras cuja estrutura ainda não apresentava fusões nos arcos neurais — uma característica que só aparece com a maturidade.
No entanto, o processo de preparação do fóssil, anterior à sua aquisição pelo museu britânico, prejudicou a visibilidade de detalhes importantes. Além disso, as causas da morte do dinossauro permanecem desconhecidas, já que os ossos não apresentam sinais de trauma ou enfermidades.
A pesquisa, publicada na revista científica Royal Society Open Science, marca a primeira vez que uma nova espécie de dinossauro é adicionada à exposição permanente do Museu de História Natural de Londres. O fóssil agora está em exibição na sacada do Earth Hall e recebeu o nome em homenagem a Molly Borthwick, que contribuiu financeiramente para sua aquisição.
Os restos do Enigmacursor foram escavados entre 2021 e 2022 em uma propriedade particular e adquiridos por meio de um comerciante. Inicialmente, foram atribuídos ao Nanosaurus, espécie descrita em 1877 e considerada mal compreendida, já que sua identificação foi feita a partir de impressões ósseas fossilizadas em arenito — um material que dificulta a análise.
Com a nova classificação, os cientistas suspeitam que fósseis semelhantes, atribuídos a outras espécies ou ainda não identificados, possam estar guardados em museus ao redor do mundo. A equipe responsável espera, agora, iniciar uma revisão sistemática desses acervos para reavaliar a diversidade dos pequenos dinossauros do Jurássico. (Foto: divulgação; Fonte: Aventuras na História)
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