O desmatamento na Amazônia brasileira aumentou 14% em março em relação ao ano anterior, mostraram dados oficiais preliminares nesta sexta-feira, destacando os desafios contínuos para o novo governo de esquerda.
Lula (PT) assumiu o cargo em 1º de janeiro, prometendo acabar com o ‘desmatamento do governo Bolsonaro’. Entretanto, com 100 dias de governo, os dados da agência de pesquisa espacial Inpe mostraram que 356 quilômetros quadrados (137 milhas quadradas) foram desmatados na Amazônia brasileira no mês passado.
O Brasil mede oficialmente o desmatamento anual de agosto a julho, para limitar a influência da cobertura de nuvens que obscurece as imagens de satélite de destruição durante os meses chuvosos. Nos primeiros oito meses desse período, de agosto de 2022 a março de 2023, o desmatamento aumentou 39% ano a ano. Metade deste período sob o governo Bolsonaro, metade, sob Lula (PT).
Quando se calcula todo o primeiro trimestre de 2023, os números também são preocupantes. Isso porque, segundo dados do Deter, sistema do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) que reúne informações para o combate ao desmate quase em tempo real, entre janeiro e março a destruição do cerrado foi recorde, chegando a 1.375,3 km², e a da Amazônia foi a segunda mais alta da série histórica, com 844,6 km².
A área destruída nos dois biomas em 2023 equivale a quase duas vezes a cidade do Rio de Janeiro (1.200 km²). No cerrado, o desmatamento neste ano tem se concentrado na Bahia (568 km²), no Piauí (215 km²), no Tocantins (152 km²) e no Maranhão (138 km²). Já na Amazônia, os números mais altos estão no Mato Grosso (311 km²), Amazonas (187 km²) e Pará (161 km²)
“Faltam apenas quatro meses para fechar os números finais do desmatamento. Isso significa que é improvável uma queda do desmatamento nas taxas finais da Amazônia em 2023. Na verdade, tem maiores chances de aumentar”, diz Marcio Astrini, chefe do grupo ambiental local Observatório do Clima.