A taxa de desocupação, que mede o desemprego no país, ficou em 8,4% no trimestre encerrado em janeiro. Essa taxa representa uma ligeira alta na comparação com o trimestre anterior, encerrado em outubro de 2022, quando ficou em 8,3%. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada nessa sexta-feira (17) pelo IBGE.
Apesar de ser a menor para o período (novembro a janeiro) desde 2015, o índice registrado no período ‘novembro-dezembro-janeiro’ representa a primeira alta desde ‘fevereiro-março-abril’ de 2021, quando houve escalada no número de desempregados no Brasil. Naquela ocasião, passou de 14,5% para 14,8%.
Entretanto, se comparado ao número divulgado em desemprego, a alta foi maior. Isso porque o desemprego registrado no fim do ano passado foi de 7,9%, contra 8,4% de agora.
Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, porém, houve queda de 2,9 pontos percentuais (p.p.). Já contingente de pessoas desocupadas no trimestre foi de 9,0 milhões, o mesmo do trimestre terminado em outubro, mas com registro de queda de 3 milhões de pessoas na comparação anual, quando havia 12 milhões de pessoas nessa condição.
“Essa estabilidade ainda seria uma repercussão da redução da procura por trabalho nos meses de novembro e dezembro de 2022 sobre o início de 2023″, explica Adriana Beringuy, coordenadora da Pnad Contínua.
O nível de ocupação, que mede o percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, foi estimado em 56,7%, igualando o percentual alcançado no mesmo trimestre de 2016. Já o contingente de pessoas ocupadas foi de 98,6 milhões, o que representa uma queda de 1 milhão de pessoas em relação ao trimestre terminado em outubro.
“Pelo lado da ocupação, o registro é de queda no trimestre, após uma sequência de expansão do número de trabalhadores nos trimestres móveis de 2022. No confronto anual, o contingente de ocupados segue crescendo, com alta de 3,4%. Então, se pelo lado da desocupação, há uma estabilidade, pelo lado da geração de trabalho o movimento já é de perda de ocupação. Observamos, assim, dois panoramas: em uma análise de mais curto prazo é observada uma queda na formação de trabalho enquanto no confronto com um ano atrás o cenário ainda é de ganho de ocupação”, afirma Beringuy.
Segundo a coordenadora da Pnad Contínua, esses resultados explicam o cenário observado ao final do trimestre móvel de novembro a janeiro. “Esse efeito conjugado entre a estabilidade da população desocupada e retração do número de trabalhadores, deixou a taxa de desocupação estável”, ressalta.
Em uma análise dos setores que mais influenciaram os resultados do trimestre, Adriana destaca os principais responsáveis pela perda de ocupação no começo do ano. “É possível perceber de uma maneira mais acentuada a perda de ocupação das atividades de Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, com uma retração de 272 mil pessoas, e de Administração pública, educação e saúde, com perda de 342 mil pessoas. Além dessas principais, houve variações negativas em outras atividades, embora não estatisticamente significativas, que apontam para uma perda de número de trabalhadores no início do ano, na virada do 4º trimestre de 2022 para o início de 2023”, avalia.
Rendimento cresce
O rendimento real habitual cresceu 1,6% no trimestre terminado em janeiro, para R$ 2.835, e 7,7% na comparação anual. “Há alguns trimestres observamos um crescimento importante no rendimento dos trabalhadores, com o trimestre encerrado em janeiro sendo a terceira observação”, destaca Beringuy.
A coordenadora da Pnad Contínua elenca ainda alguns dos setores que influenciaram no crescimento no trimestre e na comparação com o mesmo período do ano anterior. “Em termos de atividades no confronto com o trimestre anterior, destacamos a atividade de Alojamento e alimentação, que teve um aumento de 7%, e Administração pública, saúde e educação, com aumento de 3,1%. Destaque também para os serviços domésticos, que expandiram o rendimento real em 2,2%. Já no confronto anual, todas as atividades tiveram um ganho estatisticamente significativo dos seus rendimentos”, observa.
4 milhões de desalentados
O contingente de pessoas desalentadas, que são pessoas da força de trabalho potencial que gostariam de trabalhar, mas que não buscaram trabalho por não entenderam que teriam êxito, foi de aproximadamente 4 milhões no trimestre terminado em janeiro. Essa estimativa representa uma redução de 5,3%, ou 220 mil pessoas, em relação ao trimestre terminado em outubro de 2022. Já em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, o indicador apresentou também variação negativa (-16,7%), quando havia no Brasil 4,8 milhões de pessoas desalentadas.
A PNAD Contínua é o principal instrumento para monitoramento da força de trabalho no país. A amostra da pesquisa por trimestre no Brasil corresponde a 211 mil domicílios pesquisados. Cerca de dois mil entrevistadores trabalham na pesquisa, em 26 estados e Distrito Federal, integrados à rede de coleta de mais de 500 agências do IBGE.