Em plenário da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados dessa quarta-feira (12), o ex-procurador e agora deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos) ‘atropelou’ o também deputado Guilherme Boulos (Psol-SP). Eles debatiam a convocação do advogado Tacla Duran para depor sobre a Lava Jato.
“O senhor Tacla Duran não é advogado da Odebrecht. Ele foi lavador de dinheiro profissional da Odebrecht, réu confesso e buscou enganar as autoridades mais de 20 vezes. Não existe nenhuma prova que confirma o que ele disse. A Lava Jato fez mais de 200 acordos de delação premiada, nenhum com qualquer indício de irregularidade. Se alguém cometesse alguma irregularidade seria criminoso e altamente burro”, disse Dallagnol.
Boulos rebateu o deputado: “Quer falar como um paladino contra a corrupção. A inversão de valores é que perverteu o combate à corrupção no país com conluio entre Ministério Público e juiz para fazer condenação política. Isso pra mim é medo, qual o problema de Tacla dar o seu depoimento aqui, em sinto ainda mais instigado a ouvi-lo?” questionou.
Deltan então não deixa barato e dá uma resposta dura ao ‘colega’ da Câmara, sobre a atuação do Ministério Público, Lava Jato e Lula. Assista abaixo em vídeo publicado pela deputada Carla Zambelli.
Alguém anotou a placa? Boulos foi mexer logo com Deltan Dallagnol tentando “lacrar”, mas tomou uma invertida épica! @deltanmd pic.twitter.com/w0aIhIit8F
— Carla Zambelli (@Zambelli2210) April 12, 2023
O caso
Duran trabalhou para a empreiteira Odebrecht na época da Operação Lava Jato e, em depoimento prestado em 27/3/2023 nos autos de ação em trâmite na 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba (PR), afirmou ter sido alvo de uma ‘tentativa de extorsão’ em 2016 por Moro, então titular daquela Vara, e de Dallagnol.
Segundo a PGR, a ‘cronologia dos fatos’ investigados aponta para eventual interferência de Moro no julgamento de processos relativos à Operação Lava Jato, entre eles os que envolvem Tacla Duran, mesmo após sua exoneração do cargo de juiz, quando Moro exerceu o cargo de ministro da Justiça e já na condição de senador da República.