Preso na Lava Jato, Delcídio do Amaral quer ressarcimento da multa paga em delação premiada

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O ex-senador Delcídio do Amaral, 70 anos, está retomando sua vida pública e pretende disputar um cargo nas eleições de 2026. Ainda sem definição sobre qual posição almeja, ele busca reconstruir sua trajetória após ser absolvido pela Justiça Federal em setembro de 2024.

Em entrevista ao UOL, Delcídio afirmou que também pretende ser indenizado pela União, embora não acredite que vá usufruir do dinheiro.

“Não é para comprar imóvel. É para compensar com alegria tudo o que passei”, disse ao UOL, explicando que orientou suas três filhas a gastarem o valor integralmente caso a indenização seja concedida.

Delcídio foi preso em novembro de 2015 no âmbito da Operação Lava Jato e permaneceu detido por 85 dias. Acabou cassado pelo Senado e firmou um acordo de colaboração premiada, comprometendo-se a pagar uma multa de R$ 1,5 milhão ao Ministério Público Federal. Contudo, em uma reviravolta jurídica, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu a penalidade e o absolveu.



“Sofri por oito anos e fui inocentado em 15 minutos”, declarou ao UOL, ressaltando sua indignação com o processo.
Embora reconheça que hoje agiria de forma diferente, o ex-senador não se arrepende de sua delação premiada, na qual fez graves acusações contra Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva.

“Fui abandonado e executado. Me largaram na banguela. A leitura foi: ‘Vai o Delcídio, ficamos nós’. Me jogaram aos leões”, afirmou ao UOL.

Delcídio também revelou que está escrevendo um livro para narrar os bastidores do período em que foi líder do governo Dilma no Senado e presidiu a CPI dos Correios, que investigou o mensalão em 2005. Segundo ele, parte do material foi redigida enquanto esteve preso no Batalhão de Trânsito da Polícia Militar, em Brasília.



“Sou um cara estoico. Tinha uma rotina: acordar cedo, fazer exercício, estudar o processo, ler. Cabeça vazia, oficina do diabo. Tinha o dia inteiro de atividades. E escrevia”, contou ao UOL.

No livro, ele promete relatar um episódio inusitado ocorrido durante a CPI dos Correios, envolvendo um parlamentar que ingeriu um documento para proteger um aliado político. “Depois disso, botamos câmeras de segurança”, revelou.
Delcídio do Amaral também defende a tese de que havia um grupo dentro do PT interessado no avanço da Operação Lava Jato. Segundo ele, esse grupo era ligado ao governo Dilma Rousseff e incluía figuras como José Eduardo Cardozo, então ministro da Justiça, e Aloizio Mercadante, chefe da Casa Civil e atual presidente do BNDES.

“Não era um grupo majoritário, era o grupo do governo Dilma Rousseff: José Eduardo Cardozo e Aloizio Mercadante”, afirmou ao UOL, alegando que ambos queriam assumir o controle do partido.



Ele também criticou a ex-presidente Dilma Rousseff por não ter agido para conter o avanço da operação. Segundo ele, recomendou que ela tomasse medidas jurídicas para reverter a situação, como acionar o Conselho Nacional de Justiça e o Conselho Nacional do Ministério Público.

“Não para fazer algo errado, mas para disciplinar uma coisa que estava absurdamente fora de controle”, explicou ao UOL.

Para Delcídio, Dilma não seguiu seus conselhos porque queria se projetar como uma líder acima das acusações de corrupção, visando sua reeleição.



“Esse desejo dela [Dilma] matou a política. Se ela tivesse saído ao fim do primeiro mandato e o Lula tivesse voltado, o país era outro”, afirmou ao UOL.

Após ficar em último lugar na disputa pela Prefeitura de Corumbá (MS) em 2023, concorrendo pelo PRD, Delcídio do Amaral busca uma nova chance nas eleições de 2026. Mesmo sem definir qual cargo disputará, ele pretende voltar ao cenário político nacional, agora com uma nova narrativa sobre sua trajetória. Clique AQUI para ver a reportagem na íntegra.

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