Segundo reportagem do portal UOL nesta segunda-feira (27), a Polícia Federal e o Ministério Público Federal estão investigando o senador Romário (PL-RJ) por envolvimento em um esquema de desvio de dinheiro de projetos esportivos da Prefeitura do Rio de Janeiro. A investigação também inclui o vereador do Rio Marcos Braz (PL), vice-presidente de futebol do Flamengo. As acusações surgiram a partir da delação premiada do empresário Marcus Vinícius Azevedo da Silva.
O inquérito foi aberto no início deste mês no STF (Supremo Tribunal Federal) e está sob sigilo, com relatoria do ministro Kassio Nunes Marques. As investigações baseiam-se em um anexo da delação premiada de Marcus Vinícius, preso em 2019 por desvio de recursos de projetos sociais. Em 2020, ele assinou um acordo de delação premiada com a PGR (Procuradoria-Geral da República), cujos termos estão em sigilo, passando a responder ao processo em liberdade.
De acordo com a reportagem do UOL, o delator Marcus Vinícius revelou que Marcos Braz era o responsável por recolher valores desviados através de uma ONG, para “favorecimento ilícito de Romário”. Braz teria realizado esses desvios durante sua gestão como secretário municipal de Esportes do Rio, cargo para o qual foi indicado por Romário e que ocupou entre janeiro de 2015 e março de 2016.
O MPF solicitou informações à Prefeitura do Rio sobre contratos assinados por Braz com o Cebrac (Centro Brasileiro de Ações Sociais para Cidadania), que somam R$ 13 milhões, destinados à gestão de vilas olímpicas. Segundo o delator, os desvios ocorriam por meio de pagamentos superiores aos serviços efetivamente prestados. Dois contratos foram assinados durante a gestão de Marcos Braz: um de R$ 4,5 milhões em julho de 2015 para a Vila Olímpica do Greip e outro de R$ 8,5 milhões em novembro de 2015 para a Vila Olímpica Nilton Santos.
Marcus Vinícius, empresário beneficiado por esquemas de desvio de dinheiro de projetos sociais da Prefeitura do Rio e do governo estadual, foi preso em 2019 na Operação Catarata, que investigou desvios na Fundação Leão 13. No final de 2022, ele deu um depoimento ao MP do Rio afirmando que o governador do RJ, Cláudio Castro, recebeu propina quando era vereador e vice-governador.
A ONG Cebrac, citada por Marcus Vinícius na delação que envolve Romário e Marcos Braz, estava registrada no nome do assistente social André Elias dos Santos. No entanto, Marcus Vinícius, em mensagens de 2016 captadas pelo MP do RJ, mencionou que o Cebrac era “nosso”, indicando uma possível ligação com o esquema. O empresário Flávio Chadud, dono da Servlog Rio e também preso na Operação Catarata, foi mencionado por Marcus Vinícius como parceiro no esquema.
Além de Marcos Braz e Romário, o delator mencionou Marcos Antônio Teixeira, ex-assessor parlamentar de Romário e atualmente ocupando um cargo na vice-governadoria do RJ. As investigações prosseguem, com a análise de contratos e depoimentos relacionados ao caso.
Veja a íntegra da nota enviada pela assessoria de imprensa do senador Romário ao UOL: “A delação do Sr. Marcus Vinícius Azevedo da Silva é baseada em fatos que não condizem com a realidade, tanto é que o STJ anulou na semana passada o recebimento da denúncia fundada na versão dada pelo réu confesso que, para tentar barganhar qualquer benefício com a Justiça, tenta criar fatos que não ocorreram. Matéria pública. A delação deve sempre ser lastreada em provas que se coadunem com a versão dada pelo colaborador, o que fica nítido não ser o caso específico, que possui narrativa vaga e imprecisa.
O senador Romário não responde pelas ações do secretário no exercício de suas funções. Ele reafirma sua confiança na Justiça e no inquestionável arquivamento da investigação. Trata-se de um criminoso tentando se safar usando o nome do senador mais votado da história do seu estado. Conforme citou Romário, o STJ anulou denúncia relativa à Operação Catarata, que trata de suspeitas de desvios de recursos em projetos sociais da Prefeitura do Rio e do governo estadual.
A delação de Marcus Vinícius se deu somente após a abertura desse processo. No entanto, a denúncia em questão apenas mudou de foro, sendo aceita na semana passada no Tribunal de Justiça do RJ. O processo tramitava no STJ até o início deste mês. Após a análise do foro de um dos acusados, o STJ determinou que o processo fosse devolvido para a 26ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do RJ e anulado o recebimento da denúncia contra os réus para nova análise.
No entanto, no último dia 14, a juíza Ana Helena Mota Lima Valle aceitou a denúncia contra 24 réus, entre eles, Marcus Vinícius Azevedo da Silva, determinando o prosseguimento do processo. A magistrada afirmou considerar os crimes apontados nas investigações do MP do Rio “gravíssimos”. E mais: PM é atropelado por traficante em fuga e morre no interior de SP. Clique AQUI para ver. (Foto: divulgação; Fonte: UOL)
*O texto original foi corrigido, pois havia um trecho de uma outra reportagem a respeito de apreensão de drogas no meio da reportagem.