Um crucifixo retirado dos escombros do campo de batalha de Somme e levado para a Inglaterra será devolvido à sua casa original, na França. A cruz era originalmente da ‘Igreja de Doingt-Flamicourt’, que foi destruída, junto com o resto da cidade, durante a batalha da Primeira Guerra Mundial. A região foi um dos muitos assentamentos apagados do mapa durante o confronto de 1916, que ceifou mais de 300.000 vidas.
A cruz foi arrancada da lama por um pároco britânico e capelão do Exército Britânico chamado Percy Lane Hooson, que encontrou o sagrado objerto nos restos da igreja destruída no norte da França em 1916. Ele a colocou no altar da ‘Igreja de Todos os Santos’ em Tinwell, Rutland, na Inglaterra, para onde ele se mudou em 1933 e viveu por 87 anos.
A ex-diretora da ‘Igreja de Todos os Santos’, June Dodkin, disse: “No Dia da Lembrança de 2018, estávamos comemorando o centenário da guerra e o padre da aldeia perguntou se havia algo interessante na igreja.
A beautifully carved #wooden #lime wood & #oak crucifix has been made to replace the one that for the last 100 years stood on the altar at AllSaints #Tinwell #Rutland. The gilded brass one is being returned to France this summer having been rescued from the destruction of WW1 pic.twitter.com/c8KsT5E4Y4
— RutlandLordLieutenant (@RutlandLL) March 5, 2023
“Sugerimos que o crucifixo que sabíamos, pelos registros, tinha vindo de Doingt. Havia um garoto de 16 anos na congregação, Jonno McDevitt. Ele olhou para aquilo e disse ‘não deveríamos mandar de volta’? Ficamos todos um pouco atordoados. Nunca ocorreu a ninguém, pois pensávamos que Doingt havia sido destruído. Mas ele pegou o telefone, procurou e foi aí que descobrimos que o lugar – e a igreja – haviam sido reconstruídos.” (veja abaixo) A Sra. Dodkin disse, então, que a descoberta levou ao envio de e-mails ao prefeito de Doingt, levantando a possibilidade de enviar a cruz de volta. A permissão especial foi concedida pela Diocese de Peterborough.
A pandemia suspendeu o plano, mas uma delegação de 10 integrantes de Tinwell levará a cruz de carvalho de 56 cm, com a figura de Jesus, de volta a Doingt em junho. A Sra. Dodkin acrescentou: “Eles estão extremamente entusiasmados com a perspectiva da cruz ser devolvida em Doingt – eles ficaram muito surpresos ao saber que ela está em nossa igreja todo esse tempo – e estamos ansiosos para recebê-la. “Eles estão organizando uma série de eventos, recepções e cerimônias para marcar a ocasião. “Parece que seremos muito bem cuidados.”
O reverendo Olwen Woolcock, padre encarregado das paróquias de Ketton e Tinwell, disse que houve vários falsos relatos nas tentativas de descobrir como a cruz veio de Doingt para Rutland. A resposta veio, ela disse, de ‘Sir Giles Floyd’, que adora em ‘All Saints’, que explicou que a cruz foi encontrada pelo pároco Percy Hooson.
Parson Hooson serviu durante a Batalha de Somme como capelão e mais tarde assumiu um cargo em Tinwell em 1932. Ela disse: “Sir Giles nos disse que Parson Hooson, descrito por sua família como um grande coletor, o pegou entre os escombros do campo de batalha.
“Presumimos que ele trouxe o crucifixo com ele e o colocou no altar.” Ela acrescentou: “Depois de todos os atrasos da Covid, a visita a Doingt acontecerá neste verão e o crucifixo será devolvido ao seu lugar.
“É um símbolo de esperança e a promessa de uma nova vida – uma aldeia outrora destruída é reconstruída; onde havia trauma e morte, hoje há vida e comunidade. O crucifixo é como a última peça do quebra-cabeça naquela restauração, levada de volta ao seu lugar.”
O retorno da cruz foi coordenado com o morador de Doingt, Hubert Boizard, membro do grupo de história local, Mémoire de Doingt-Flamicourt.
Ele disse: “Estou ansioso para encontrar nossos amigos ingleses, para lembrar o passado quando seu país defendeu a França e a liberdade. Este crucifixo tem um valor simbólico muito forte como sinal de paz e esperança. O retorno do crucifixo simboliza a amizade entre nossas duas nações que lutaram juntas pela liberdade.”.