Cinquenta pessoas foram encontradas mortas dentro de um caminhão abandonado em San Antonio, no estado do Texas, onde as temperaturas chegam a 39,4 graus Celsius nesta semana. Esse foi um dos casos mais letais da crise de imigração ao longo da fronteira entre Estados Unidos e México na história recente. Um funcionário do Corpo de Bombeiros disse ter encontrado “pilhas de corpos” e nenhum sinal de água no caminhão, que foi descoberto próximo aos trilhos de uma ferrovia em uma área remota na periferia sul da cidade.
Dezesseis outras pessoas encontradas dentro do caminhão foram transportadas para hospitais com insolação e exaustão, incluindo quatro menores, mas nenhuma criança estava entre os mortos, segundo os bombeiros. “Os pacientes que vimos estavam quentes ao toque, estavam sofrendo de insolação, exaustão”, afirmou o chefe dos bombeiros de San Antonio, Charles Hood, em entrevista coletiva. “Era um caminhão-reboque refrigerado, mas não havia unidade de ar condicionado visível.”
O chefe de polícia de San Antonio, que fica a cerca de 250 quilômetros da fronteira mexicana, William McManus, disse que uma pessoa que trabalha em um prédio próximo ouviu um grito de socorro e saiu para verificar. O trabalhador encontrou as portas do caminhão parcialmente abertas, olhou para dentro e encontrou vários cadáveres.
Um porta-voz do Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) disse que sua divisão de Investigações de Segurança Interna estava apurando “um suposto evento de contrabando de seres humanos” em coordenação com a polícia local. “É indescritível”, disse o prefeito de San Antonio, Ron Nirenberg, observando que sua comunidade depende de imigrantes uma vez que há escassez de mão de obra. “É uma tragédia sem explicação.”
O presidente dos EUA, Joe Biden, em um comunicado nesta terça-feira, chamou o incidente de “horrível e comovente”. O Democrata disse que “explorar indivíduos vulneráveis com fins lucrativos é vergonhoso”, e disse que seu governo está trabalhando para reprimir essas redes de tráfico de pessoas.
Biden tem enfrentado uma crise de imigração com um número recorde de travessias de imigrantes na fronteira EUA-México desde que assumiu o cargo, em janeiro de 2021.Curiosamente, uma das principais críticas de seu partido e da imprensa americana a Donald Trump era justamente o combate que o ex-presidente fazia contra a imigração irregular.
Ao menos 22 mexicanos, sete guatemaltecos e dois hondurenhos foram identificados entre os mortos, disse o ministro das Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard, no Twitter, nesta terça-feira (28). Não havia informações sobre a nacionalidade dos outros mortos, disseram autoridades mexicanas.
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