Comandante do Exército defende parceria com a China e reabertura da ‘Comissão de Mortos e Desaparecidos’

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Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo nesta sexta-feira (7), o comandante geral do Exército, Tomás Ribeiro Paiva, defendeu a ampliação das ‘parcerias estratégicas’ do Brasil com a China e outros países do Brics, grupo que inclui também Rússia, Índia, África do Sul e, mais recentemente, Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes, Etiópia e Egito.

Ele destacou que sua próxima viagem à China, prevista para o próximo mês, terá como foco a ciência, tecnologia e capacidades militares do país asiático.

Paiva mencionou que pretende visitar todos os países do Brics, tendo já estado na Índia, mas que evitará a Rússia devido ao conflito com a Ucrânia. Em um contexto de tensões entre China e Estados Unidos, o comandante acredita que a viagem à China não causará desconforto com os aliados dos EUA. “Temos um intercâmbio comercial muito intenso com a China e não acredito que possamos nos levar por uma polarização ideológica. Nós sempre fomos pragmáticos nesse sentido”, afirmou.

Durante a entrevista, Paiva também defendeu a reinstalação da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos no governo militar. Criada em 1995 por Fernando Henrique Cardoso, a comissão foi suspensa pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Clique AQUI para ver na íntegra.

Veja abaixo outros trechos da entrevista
Relação com Lula
: “É muito boa. Ele é o comandante supremo. Ele se relaciona com as forças por um ministro de defesa excepcional. O ministro de Defesa (José Múcio) é uma pessoa espetacular. Ele tem experiência. Ele é o chefe de Estado, comandante supremo. E a gente se relaciona muito bem nesse aspecto.”

General mulher: “Vai ser muito em breve, tá? Eu diria para você que elas estão concorrendo forte. Em 2026 elas estão entrando no quadro de acesso. Como a gente começou mais tarde, elas estão chegando um pouquinho mais tarde. E a partir de 2026 elas estão em condições de ascender.”
Comissão de Mortos e Feridos: “É um direito das pessoas de saber o que aconteceu com seus parentes. Então, mesmo reclamando, é o correto.”

Oposição da direita: “Não, não é que a direita seja contra (o Exército). E também não podemos quantificar a direita e a esquerda, porque o Exército é de todos os brasileiros. Mesmo daqueles que são contra a gente. Vamos defendê-los da mesma maneira. O Exército brasileiro não pode ter lado. Ele é de todos os 203 milhões de cidadãos brasileiros. São um alvo do nosso interesse. Olha o Rio Grande do Sul, agora. Quando começou a ter crítica ou problema de pessoal achar isso, achar aquilo, a gente continua lá. E fazendo com gosto.”

Orçamento reduzido: “Está ruim para o Brasil inteiro, está difícil. Essa questão orçamentária é uma questão que, quando há uma restrição orçamentária grande, isso afeta principalmente os projetos estratégicos. São projetos que necessitam de previsibilidade. Por isso você tem uma PEC que está tentando dar previsibilidade aos nossos projetos de defesa. Obviamente que isso tem que ser discutido no Congresso Nacional. Mas é uma preocupação, e toda vez que a gente conversa com o presidente, o presidente tem essa preocupação também.”

Corte de aposentadorias de militares: “Com todo respeito, eu discordo, porque eu acredito que a gente é o contrário. Sempre, desde 2001, temos sido afetados com a perda de direitos. E o que, às vezes, é difícil das pessoas entenderem é que a profissão militar tem peculiaridades que impedem a pessoa de auferir um salário médio que permita uma aposentadoria tranquila, formação de patrimônio. Geralmente, a pessoa fica com restrições pela carreira.”

Venezuela x Guiana: “São questões que mexem com a geopolítica da América do Sul. Inicialmente, têm que ser tratadas no âmbito do Ministério das Relações Exteriores. Obviamente, não temos problema de segurança e defesa com nenhum vizinho na América do Sul. Acho que o interesse maior é seguir os nossos princípios de política externa e de relacionamento internacional, que é ter um continente seguro, livre de conflitos”.

Visita feita a militares presos no ‘8 de Janeiro’: “É obrigação do comandante, em qualquer nível, do comandante de unidade, visitar os militares da sua unidade que estão presos. E os militares da sua unidade que estão baixados, que estão em hospital. É assim que eu aprendi nas escolas militares. Isso eu procuro fazer até como comandante do Exército. Acho que essa é a minha obrigação.”

‘8 de Janeiro’ no STF ou STM: “Essas gestões estão no âmbito da Justiça. Estão no âmbito do Supremo Tribunal Federal. Isso foi tratado em fevereiro. Foi definido que todos esses processos que envolviam essas questões do 8 de janeiro seriam transferidos para o Supremo Tribunal Federal. Todo mundo transferiu. Eu não sou o responsável por isso. Tinha processo que era da Justiça Militar, Ministério Público Militar, todo mundo enviou. Ninguém falou nada. O Supremo Tribunal Federal definiu.”

Politização do Exército: “Exército brasileiro está comprometido com o cumprimento da missão constitucional. Isso que eu posso falar para você com tranquilidade.” (Foto: EBC; Fonte: Estadão)

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