Nas vastas regiões do norte de Marte, cientistas identificaram milhares de elevações repletas de minerais argilosos, que se destacam no terreno e sugerem que a água desempenhou um papel crucial na formação dessas rochas.
Essas formações, que se erguem centenas de metros acima do solo, são resquícios de tempos em que o planeta vermelho abrigava condições muito diferentes das atuais.
A pesquisa, conduzida por especialistas do Museu de História Natural de Londres e da Open University, baseou-se em imagens de alta resolução e dados de composição obtidos por sondas orbitais. Segundo os cientistas, essas elevações são fragmentos de antigas terras altas que sofreram erosão ao longo de bilhões de anos.
Os depósitos de minerais argilosos presentes nessas formações foram originados pela interação entre rochas e água por milhões de anos, organizados em camadas que representam eventos geológicos distintos.
Essa descoberta não só fornece pistas sobre o passado marciano, como também coloca essas regiões como alvos prioritários para futuras missões, como a do rover Rosalind Franklin, previsto para ser lançado pela Agência Espacial Europeia (ESA) em 2028. O objetivo é procurar sinais de vida em áreas próximas a Oxia Planum, geologicamente conectadas a essas colinas.
Marte preserva grande parte de sua história geológica devido à ausência de placas tectônicas, tornando-se um laboratório natural para investigar como era a Terra primitiva. “Explorar as origens e a evolução dos sistemas planetários nos ajuda a compreender nosso lugar no Universo e a proteger nosso planeta”, afirmam os pesquisadores.
Um dos pontos mais fascinantes do estudo é a chamada “dicotomia marciana”, uma divisão entre o hemisfério sul, mais elevado, e o hemisfério norte, rebaixado. Teorias sobre sua origem incluem desde processos tectônicos até grandes impactos planetários.
The @NASAMars InSight lander, which ended its mission more than two years ago, is still helping us better understand the Red Planet.
By monitoring how dust on and around the lander changes over time, scientists can study Martian wind and dust cycles. https://t.co/kpDXLS01D9 pic.twitter.com/dBb7htmHfk
— NASA JPL (@NASAJPL) January 24, 2025
A pesquisa sugere que, no passado, a borda dessa dicotomia foi erodida por centenas de quilômetros, provavelmente em um período em que um oceano ocupava parte do hemisfério norte.
A região de Mawrth Vallis, localizada no limite dessa dicotomia, também é fundamental para entender essa evolução. O vale, que se eleva cerca de um quilômetro acima das planícies ao redor, apresenta minerais de argila que evidenciam a interação da água com os materiais originais.
Essa investigação não apenas revela aspectos únicos de Marte, mas também oferece novas perspectivas sobre os processos que moldaram a Terra nos seus primórdios. As descobertas reforçam que o planeta vermelho teve um passado mais quente e úmido, o que pode ter favorecido condições para o surgimento de vida.
Cada passo dado na exploração de Marte aproxima os cientistas de desvendarem os mistérios do planeta e também de compreenderem melhor a formação da Terra. A busca pelo entendimento do passado marciano, portanto, é também uma janela para nossa própria história planetária. E mais: Mercado traz nova má notícia sobre a inflação deste ano. Clique AQUI para ver. (Foto: PixaBay; Fonte: Tempo)