O governo federal, por meio do ministro das Comunicações do governo Lula (PT), Juscelino Filho, enviou mil chips de celular dos Correios para serem utilizados nas operações humanitárias que acontecem na terra indígena Yanomami, em Roraima, mas que não funcionam dentro da área demarcada. Isso porque não há cobertura da operadora celular na terra indígena, localizada a 230 quilômetros de distância da capital Boa Vista. As informações são do Estadão.
“A região fica em local isolado sem atendimento das prestadoras móveis, que têm obrigações de atendimento nas sedes municipais, localidades e aglomerados urbanos”, a Anatel, por meio de nota sobre o assunto. Na prática, o que o ministro deu foi um cartão que, sem aparelho celular ou rede de cobertura, não funciona.
No anúncio da parceria com o ministério, o presidente dos Correios, Fabiano Silva, disse que seus chips seriam “essenciais”. “Nesses momentos de crise, todo apoio possível será feito. Com os chips Correios Celular, garantiremos agilidade na comunicação, o que facilitará a coordenação dos trabalhos de assistência”, disse.
Por meio de nota conjunta, o Ministério das Comunicações e os Correios declararam que “os chips foram enviados para facilitar a comunicação entre as equipes humanitárias e de apoi+o que estão prestando assistência à população”. O órgão negou que os itens sejam desnecessários. “Naturalmente, a localização dessas equipes é dinâmica, entretanto, suas bases possuem a cobertura do serviço. Portanto, a informação de que os chips não funcionam não é verdadeira”, afirmou.
Desde 2017, os Correios atuam como um tipo de “operadora virtual” de telefonia. Na região de Boa Vista, a estatal faz a locação da estrutura que é fornecida pela empresa Surf Telecom, que, por sua vez, aluga a rede de telefonia móvel da operadora TIM. Isso significa que qualquer celular com chip do Correios Celular só vai funcionar se estiver na área em que a TIM tiver cobertura, o que não inclui a terra Yanomami.
Uber x Correios
Além de ‘operadora de telefonia’, os Correios foram citados pelo Ministro do Trabalho de Lula, Luiz Marinho, como uma possível plataforma de motoristas por aplicativo.
Em entrevista ao jornal Valor Econômico, no começo de fevereiro, o ministro afirmou que seu desejo de ‘regulamentação’ dos aplicativos deverá ser discutida com as empresas que atuam no setor. Ele afirmou que não está preocupado com a possibilidade de a Uber, por exemplo, decidir deixar de operar no Brasil.
Segundo Marinho, caso isso aconteça, ele poderia acionar os Correios para criar um aplicativo semelhante para o transporte de passageiros. “Posso chamar os Correios, que é uma empresa de logística, e dizer para criar um aplicativo e substituir. Aplicativo se tem aos montes no mercado. Não queremos regular lá no mínimo detalhe. Ninguém gosta de correr muito risco, especialmente os capitalistas brasileiros”, disse o ministro.