Diante da persistência da inflação acima dos limites tolerados pelo sistema de metas, o Banco Central deverá divulgar, em julho, uma nova carta aberta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
A comunicação está prevista porque, em junho, a inflação acumulada em 12 meses ultrapassará pelo sexto mês consecutivo o teto de 4,5%, caracterizando oficialmente o descumprimento da meta.
Desde janeiro de 2025, o Brasil adotou o modelo de meta contínua de inflação, no qual os resultados acumulados a cada 12 meses são monitorados mês a mês — e não apenas no encerramento de cada ano, como ocorria anteriormente.
Essa mudança trouxe mais rigidez ao controle inflacionário e obriga o Banco Central a se explicar publicamente sempre que a inflação ultrapassa o intervalo de tolerância por seis meses seguidos.
A meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional é de 3% ao ano, com margem de oscilação entre 1,5% e 4,5%. No entanto, até maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulava alta de 5,32% em 12 meses. Para junho, o mercado projeta inflação de 0,27%, o que deve manter o índice acima de 5% e confirmar o novo estouro.
Com isso, o Banco Central será obrigado a apresentar publicamente as causas do descumprimento, as medidas corretivas em andamento ou planejadas e o prazo esperado para que a inflação retorne aos limites estipulados.
Essas informações serão incluídas tanto no Relatório de Política Monetária quanto na carta aberta ao ministro da Fazenda, prevista para ser publicada no dia 10 de julho, quando será divulgado o IPCA de junho.
De acordo com estimativas do próprio Banco Central, a inflação só deve retornar ao intervalo de tolerância entre 1,5% e 4,5% no primeiro trimestre de 2026.
Para tentar conter o avanço dos preços, o BC elevou a taxa básica de juros da economia para 15% ao ano em junho, o maior patamar em duas décadas. A medida posiciona o Brasil com uma das maiores taxas reais de juros do mundo.
Nos últimos quatro anos, quando ainda vigorava o modelo de meta anual, o país estourou o teto em três ocasiões: 2021, 2022 e 2024. Agora, com o modelo contínuo, a vigilância é constante — e as cobranças, mais frequentes. (Foto: Ministério da Fazenda; Fonte: G1)
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