O CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, comunicou, nessa quarta-feira (20), que a rede varejista deixará de comercializar carnes provenientes dos países do Mercosul — Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
A decisão, anunciada nas redes sociais, foi justificada como independente de “preços e quantidades de carne” oferecidos por esses países. Veja abaixo!
Par solidarité avec le monde agricole, Carrefour prend l’engagement de ne commercialiser aucune viande en provenance du Mercosur. Tel est le sens de mon message aux présidents des syndicats agricoles. pic.twitter.com/bGo3ttA7Yt
— Alexandre Bompard (@bompard) November 20, 2024
Em carta direcionada a Arnaud Rousseau, líder da Federação Nacional dos Sindicatos dos Operadores Agrícolas (FNSEA), Bompard afirmou que o posicionamento reflete as preocupações dos agricultores franceses.
Ele disse ter ouvido a “raiva e o desânimo” dos produtores locais, que se manifestam contra a proposta de acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul. Desde a segunda-feira, 18, grupos como a FNSEA e os Jovens Agricultores (JA) têm promovido protestos com bloqueios de rodovias e queimadas de objetos.
Os manifestantes exigem que o presidente francês, Emmanuel Macron, use o poder de veto caso o acordo seja aprovado. Na semana passada, o primeiro-ministro da França, Michel Barnier, já havia sinalizado resistência ao tratado no formato atual.
Em publicações feitas no X (antigo Twitter), LinkedIn e Instagram, Bompard destacou que o acordo representa um “risco de entrada de carne que não cumpre os padrões exigidos no mercado francês”. Ele ainda ressaltou que espera que a postura do Carrefour incentive outras empresas, especialmente do setor de catering, responsável por mais de 30% do consumo de carne na França, a adotar medidas similares.
Par solidarité avec le monde agricole, Carrefour prend l’engagement de ne commercialiser aucune viande en provenance du Mercosur. Tel est le sens de mon message aux présidents des syndicats agricoles. pic.twitter.com/bGo3ttA7Yt
— Alexandre Bompard (@bompard) November 20, 2024
A decisão gerou forte reação no Brasil. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, classificou o movimento como uma “ação orquestrada” de empresas francesas contra o país, conforme reportagem do jornal o Estado de São Paulo.
“Fico indignado com essa posição, que tenta desrespeitar nossa produção sustentável”, declarou o ministro em entrevista após um jantar com o presidente da China, Xi Jinping, em Brasília.
Fávaro também acusou o Carrefour de utilizar justificativas “inverídicas” para criticar a produção brasileira. Segundo ele, a atitude parece ser uma tentativa de justificar a resistência da França à assinatura do acordo Mercosul-União Europeia. “Era mais legítimo simplesmente manter sua posição contrária ao acordo”, argumentou.
O ministro ainda afirmou que, apesar de evitar criticar a produção francesa, considera inadmissível que o Brasil seja alvo de ataques injustos. “Eu seria o último a apontar falhas na produção francesa, mas fico indignado quando fazem isso com o Brasil”, concluiu. E mais: FAB ativa operação para lançamento de foguetes no Rio Grande do Norte. Clique AQUI para ver. (Foto: divulgação (via Estadão); Fonte: Estadão)