Nesta segunda-feira (29.jan.2024), a Polícia Federal (PF) deflagrou operação para investigar suposta ‘espionagem ilegal’ realizada pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão de Alexandre Ramagem (PL-RJ), diretor da instituição no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Um dos alvos, segundo veículos de imprensa, é o vereador carioca Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente. A casa vistoriada por policiais, ainda de acordo com reportagens, seria a mesma onde ontem (28) à noite o ex-presidente e os filhos realizaram uma live.
Conforme apurado pelo UOL, policiais federais cumpriram mandados de busca e apreensão na residência de Carlos Bolsonaro, em seu gabinete na Câmara Municipal do Rio de Janeiro e na casa de praia da família em Angra dos Reis. O advogado de Carlos, Antonio Carlos Fonseca, está acompanhando as buscas da PF, mas até o momento, a defesa não se pronunciou sobre a operação.
Segundo a PF, Carlos Bolsonaro é investigado sobre supostamente receber informações ilegais da Abin. No total, foram realizadas 9 buscas, distribuídas entre o Rio de Janeiro (5), Angra dos Reis (1), Brasília (1), Formosa (1) e Salvador (1). O objetivo da operação é “avançar no núcleo político, identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente na Abin”, conforme comunicado oficial.
Na última quinta-feira (25.jan.2024), na mesma operação relacionada, a PF mirou o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). Mandados de busca e apreensão foram cumpridos no gabinete do político na Câmara dos Deputados e em outros endereços. A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O relatório da PF apresentado na decisão do ministro indica a instrumentalização da Abin sob o comando de Ramagem, alegando que a agência atuou em favor da família Bolsonaro em diversas investigações.
Segundo dados da PF, a Abin teria preparado relatórios para auxiliar os advogados do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso das rachadinhas (já arquivado) e tentou produzir provas a favor de Renan Bolsonaro no inquérito sobre suposto tráfico de influência em Brasília.
Ramagem chefiou a Abin de julho de 2019 até março de 2022, negando favorecimento à família Bolsonaro durante sua gestão na agência e afirmando nunca ter tido acesso às senhas dos sistemas de espionagem supostamente utilizados pela Abin para monitorar políticos, jornalistas e ministros do STF.
Essas operações contra Carlos Bolsonaro e Ramagem são uma continuação de investigações iniciadas em outubro do ano passado (2023), já no governo Lula. Na época, a PF afirmou que a rede de telefonia brasileira teria sido invadida “reiteradas vezes”, utilizando o sistema de geolocalização da Abin, adquirido com recursos públicos, para espionar adversários políticos.
Segundo aquelas investigações, a rede de telefonia brasileira teria sido invadida “reiteradas vezes”, com o uso do sistema de geolocalização da Abin adquirido com recursos públicos. Além do uso indevido do sistema, a PF investiga a atuação de 2 funcionários da Abin que teriam usado o conhecimento sobre o uso indevido do sistema como meio de coerção indireta para evitar a demissão durante um processo administrativo disciplinar.
“Os investigados podem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei”, afirma a PF. (Foto: reprodução; Fonte: Poder360)