O vereador de São Paulo Rubinho Nunes (União Brasil), ex-Movimento Brasil Livre (MBL), obteve o respaldo de seus colegas para aprovar a criação da ‘CPI das ONGs’ na Câmara municipal. A iniciativa, que conseguiu 25 assinaturas, foca na atuação do padre Júlio Lancellotti, da Paróquia de São Miguel Arcanjo, que desempenha atividades na Cracolândia, região central da capital.
A expectativa é que a comissão seja instalada após o término do recesso, em primeiro de fevereiro, conforme divulgado inicialmente pelo jornal “A Folha de S.Paulo”. O requerimento inicial visa, principalmente, duas entidades que operam na região: o ‘Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto’ (Bompar) e o coletivo ‘Craco Resiste’.
Rubinho Nunes acusa o padre de estabelecer parcerias com essas entidades e, em declarações ao jornal GLOBO, o vereador alegou receber “inúmeras denúncias” sobre a atuação de várias ONGs no Centro de São Paulo. Ele aponta que essas organizações fornecem alimentos, mas não prestam assistência adequada aos vulneráveis, referindo-se a uma suposta “máfia da miséria” que busca ganhos por meio da boa-fé da população.
“Existe uma chamada máfia da miséria para obter ganhos por meio da boa-fé da população e isso não é ético e nem moral. O padre Júlio é o verdadeiro cafetão de miséria em São Paulo. A atuação dele retroalimenta a situação das pessoas. Não é só comida e sabonete que vai resolver a situação”, declarou o vereador.
Nas redes sociais, Rubinho Nunes classificou Lancelotti como um “servo do petismo” e compartilhou um vídeo do padre em um evento do governo Lula, elogiando o petista e lançando críticas indiretas ao governo Bolsonaro. Assista abaixo!
O padre Júlio Lancellotti não é um padre. Ele é um servo do petismo:
“nós trabalhamos muito para te eleger, presidente Lula”
Ele, e muitos outros, lucram politicamente com o caos instaurado na Cracolândia. A CPI que estou instaurando na Câmara Municipal de SP vai investigar… pic.twitter.com/ji8PQqZlSi
— Rubinho Nunes (@RubinhoNunes) January 3, 2024
Em outra publicação, Rubinho escreveu: “Quando prefeito, Fernando Haddad criou o BOLSA CRACK! Desde então, o caos na Cracolândia só cresce. Obviamente que tem muitas ONGs e falsos padres, como o padre Júlio Lancellotti, que ganham politicamente com tudo isso. A CPI que estou instaurando na Câmara de SP vai esmiuçar todos os esquemas dessa verdadeira MÁFIA DA MISÉRIA. São Paulo não vai aliviar para o padre do Boulos!!”.
Quando prefeito, Fernando Haddad criou o BOLSA CRACK!
Desde então, o caos na Cracolândia só cresce. Obviamente que tem muitas ONGs e falsos padres, como o padre Júlio Lancellotti, que ganham politicamente com tudo isso.
A CPI que estou instaurando na Câmara de SP vai esmiuçar… pic.twitter.com/Uqpj1qwdMz
— Rubinho Nunes (@RubinhoNunes) January 3, 2024
Ao ser questionado pela “Folha de S. Paulo”, Júlio Lancellotti negou qualquer relação com as entidades em questão e afirmou não fazer parte da Bompar há 17 anos. Ele argumenta que essas entidades são autônomas e têm suas próprias diretorias, técnicos e funcionários.
Esta não é a primeira vez que o vereador critica publicamente o padre. Em dezembro, ele o convocou para prestar depoimento na Frente Parlamentar em Defesa do Centro. “As ONGs e demais cafetões da miséria vão ter que se explicar”, afirmou Rubinho Nunes na ocasião.
A criação da CPI foi alvo de críticas de parlamentares socialistas, como o deputado federal petista Nilto Tatto (PT), que expressou sua insatisfação no Twitter: “Parece que a cidade de São Paulo não tem nenhum problema que mereça a atenção do vereador”.
A deputada Erika Hilton (PSOL-SP) classificou como absurda a CPI para investigar ONGs que acolhem pessoas em situação vulnerável, afirmando que era “obra dos mimados e criados a danoninho do MBL”.
Padre Júlio Lancelotti também inspirou uma recente lei sancionada por Lula que impede a implantação de ‘arquitetura hostil’ em espaços públicos para evitar que moradores de rua se instalem. Clique AQUI para ver mais.
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