Eleita presidente do Superior Tribunal Militar (STM), com posse prevista para 12 de março, a ministra Maria Elizabeth Rocha disse que as Forças Armadas “foram usadas” pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e que isso comprometeu a credibilidade da instituição.
Suas afirmações foram feitas em uma entrevista ao programa CNN Entrevistas, exibida na íntegra nesta noite (1).
Durante o diálogo, a ministra destacou que Bolsonaro, ao chegar ao comando do país, não contava com uma base sólida no Congresso para nomear aliados a posições-chave.
“Por ter vindo da caserna, as pessoas de sua confiança eram os militares – para além daquele velho pensamento de que os militares seriam os moderadores do Estado, quando a lógica deveria ser inversa: o poder civil é que deve comandar o militar”, analisou.
Ela reconheceu que, embora o ex-presidente tenha se apoiado nas Forças Armadas, certos militares “tiraram proveito” do destaque que receberam em seu governo.
“A Marinha, o Exército e a Aeronáutica acabaram sendo extremamente prejudicados e tiveram a sua credibilidade solapada por causa de um chefe de Estado que se perdeu na condução do governo”, avaliou Maria Elizabeth.
Sobre os participantes dos eventos de 8 de janeiro de 2023, a ministra considerou algumas punições “excessivamente altas”, mas alertou que discutir anistia neste momento é “prematuro”.
“O Congresso Nacional pode fazê-lo, o presidente pode até indultar, se quiser. Mas me parece estranho essa discussão da anistia já agora, sendo que nem houve a conclusão de todos os julgamentos”, ponderou. A entrevista vai ao ar hoje (1) à noite.