O ex-presidente Bolsonaro (PL) declarou nessa quarta-feira (6) que a possível reeleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos representa um “passo importantíssimo” em seu projeto político de concorrer às eleições brasileiras de 2026 e retornar ao Palácio do Planalto em 2027. Foi em entrevista ao jornal Folha de SP.
“É igual a uma caminhada de mil passos, você tem que dar o primeiro, tem que dar o décimo. E o Trump é um passo importantíssimo”, disse o ex-presidente à Folha.
Bolsonaro vê na candidatura de Trump uma sinalização de que sua inelegibilidade seria, segundo ele, uma “armação” para afastá-lo da disputa.
O ex-presidente teve seus direitos políticos suspensos até, pelo menos, 2030 após decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o condenou por abuso de poder político e econômico e uso indevido da comunicação pública. A decisão foi motivada pela reunião com embaixadores e pela comemoração do Bicentenário da Independência sob a acusação de fins eleitorais.
Além disso, Bolsonaro ainda é alvo de outras investigações, que podem resultar em consequências legais mais severas. Caso seja condenado por envolvimento em uma suposta trama golpista, o ex-presidente poderá enfrentar uma pena de até 23 anos de prisão e ter sua inelegibilidade estendida por mais de três décadas. A eleição de Trump, segundo Bolsonaro, reforçaria sua narrativa de que há uma tentativa de impedi-lo de concorrer novamente.
Ele também comentou os rumores a respeito de formar uma chapa com o ex-presidente Michel Temer (MDB) para 2026 de vice mais uma vez. Ele nem rejeitou nem aprovou a ideia na entrevista, mas disse que ouviu falar a respeito da possibilidade.
Veja abaixo trechos da entrevista do ex-presidente Bolsonaro à Folha e clique AQUI para ver a entrevista na íntegra.
Que comparação o sr. faz entre a sua situação e a dele?
Quase tudo o que acontece lá acontece aqui. Lá teve o Capitólio, que teve mortes. Tentaram de todas as maneiras colocar na conta dele. Lógico, ele é uma pessoa de uma diferença enorme em relação a mim, foi presidente de um país muito rico, fantástico, tem boas amizades com todo mundo, o cara é bilionário. Enfrentou a perseguição do Judiciário. Eu aqui me esquivo. Mas não deixa de ser uma sinalização para cá de “faça as coisas direito”. Você conhece quem está do seu lado quando perde o poder. Alguns chefes de Estado ficaram na amizade. Um foi ele. Fui o último chefe de Estado a reconhecer a vitória do [Joe] Biden, ele não esquece isso. E eu sei o meu lugar perto dele. Eu estou para ele como o Paraguai está para o Brasil.
O resultado fortalece o desejo de o sr. voltar a ser presidente?
Ser presidente é uma m***. Eu não sei como é que cheguei à Presidência. Aconteceu. Dei o melhor de mim. Estava preparado? Não estava. Apesar de 28 anos de Parlamento, quando você vê aquela cadeira lá, cai para trás. Agora a minha pretensão [é a] de voltar. Eu tenho um sonho. Qual é o sonho? De ajudar o Brasil.
O próximo passo então é a anistia?
Anistia para o 8 de janeiro. A minha [anistia] tem um prazo certo para tomar certas decisões. Acredito que o Trump gostaria que eu fosse elegível. Ele (Moraes) que vai ter que dizer isso aí (se vai à posse de Trump), mesmo que tivesse conversado com ele, não falaria. [Mas] tenho certeza de que ele (Trump) gostaria que eu viesse [a ser] candidato. Está na mídia, não sei se é verdade ou não, eu não falo sobre esse assunto, é o [Michel] Temer [MDB] de vice [texto de um blog tratou desse assunto recentemente].
Seria um bom nome para o sr. (Temer de veice)?
Não sei, não falo sobre esse assunto. Não descarto conversar com ninguém, até com você. Não sei… ele é garantista, é um ex-presidente. O impeachment [de Dilma Rousseff em 2016] abriu uma brecha para eu me candidatar. Não existe impeachment sem vice.